Espírito Natalício... onde andas???

Caminho pela rua, com o corpo aqui mas a cabeça noutro lugar qualquer.
Sinto o espírito natalício nas esquinas, o cheiro doce de qualquer coisa que paira no ar e que me persegue. É difícil precisar o que tem de especial o Natal, mas há qualquer coisa que não se vê mas que aquece o coração.
Ontem vi uma reportagem num canal nacional em que o jornalista foi a uma das ruas de Lisboa e fez algumas perguntas às pessoas que provavelmente não sentem o Natal como nós. Um vendedor de castanhas, uma florista, um comerciante, uma senhora que canta em troca de uma “moedinha”. O relato que mais me tocou foi o dela. A chamada D.Rosa disse que não gostava do Natal porque, segundo dizem esta época é para se passar com a família e ela passava-o sozinha.
Se virmos bem não se nota que é Natal. Quero dizer, tudo bem há luzinhas nas ruas, há Pais Natal a subir as janelas, há sininhos que se ouvem, há lojas cheias de pessoas, há pessoas cheias de sacos que passeiam em busca de mais prendinhas para por em mais sacos. Mas tudo isto que se vê não é Natal, pelo menos para mim. O que há agora é mais uma “moda”, quem sabe a moda mais velha que existe.
Natal é uma coisa que se sente cá dentro e não uma coisa que se vê do lado de fora das casas. Isso vemos por aí, quando cruzamos as esquinas. Mas se visitarmos essas casas por dentro o que encontramos? Provavelmente tudo menos Natal. Digo eu.
No outro dia uma mendiga que por sinal é meio maluquinha aproximou-se de mim e disse “Uma moedinha, que é Natal”. A isto contraponho aquele homem que começou a andar pela rua a distribuir abraços grátis. Isso também virou moda… creio que é uma moda mais saudável do que o Natal que praticamos hoje em dia. Bom apeteceu-me dizer à mulher que uma moedinha não lhe dava, mas se ela quisesse um abraço… mas calculei que ela não fosse perceber o sentido da coisa, por isso limitei-me a dizer que não tinha.
É triste, mas para mim isto que vivemos hoje não é Natal. É mais uma data que toda a gente comemora sem saber porquê, ou porque simplesmente se deixam levar pelo espírito.