Talvez a televisão diminua, de facto, a dimensão das pessoas. Não se trata apenas de as tornar mais pequenas do que são na realidade, mas de reduzir a sua dimensão humana. Mas, por outro lado, talvez isso tenha já acontecido muitas antes da televisão surgir.
Também penso que há palavras que podem esconder um significado mais profundo. As palavras podem ser usadas para obter um determinado efeito, podem servir para embelezar ou para esconder alguns factos.
A humanidade realmente encontrou formas de esconder coisas nos termos que escolhe, como se tudo não passasse de um código a que apenas algumas pessoas podem ter acesso.
De todos os conflitos que estudamos em Jornalismo Comparado, o de Ruanda é o que mais me toca. Talvez por ser o único, dos que estudamos, que aconteceu em África, ou talvez por ter afectado pessoas, ainda que afastadas, do meu sangue, ou talvez por se assemelhar a eventos que tomaram parte na minha terra natal, ou talvez por ser aquele em que me apercebi da verdadeira dimensão dos factos, ou ainda talvez por já ter visto dois filmes sobre o tema e, como sempre, os filmes fazem-me reflectir.
Por tudo isto, perco vários instantes da minha vida de jovem universitária, que devia aproveitar antes de entrar no cruel mercado de trabalho, a pensar no caso. Perda de tempo? Não me parece. Somos nós, jovens, o futuro deste mundo, por isso devemos interessar-nos pela realidade que nos rodeia. Claro que a maior parte de nós apenas está interessado naquele ipod, naquela saída com os amigos, naquele rapaz/rapariga muito giro/a, no par de calças que queremos, mas se nos desviarmos dessa realidade local vemos que o que nos rodeia não é, de todo, cor-de-rosa, longe disso. É bem negro.
Quanto ao conflito propriamente dito, ficou-me gravada na memória uma entrevista com uma qualquer que representa o poder de sei lá onde a dizer que no Ruanda não ocorreu o genocídio, mas sim actos de genocídio. E então um jornalista (acho eu, ou estarei a puxar a brasa à minha sardinha?) pergunta-lhe quantos actos de genocídio perfazem um genocídio. A senhora lê a definição de genocídio de acordo com o Congresso de 1948 e só me apetecia ter estado lá para dizer “DUH!”, porque não há melhor definição senão o que ocorreu no Ruanda.
Não é minha intenção tornar este blog numa arena política, não. Mas parece-me que se há coisas que merecem ser publicadas na auto-estrada da informação, esta é uma delas.
Na história ficam os nomes dos mais fortes, daqueles que marcaram este mundo (e talvez o outro, quem sabe) de forma positiva ou negativa. Dos fracos e oprimidos apenas ficam suposições.
Parece-me que a maioria das pessoas não tem consciência das barbaridades que ocorrem por aí. Falo do Ruanda em representação de outros conflitos, claro. Quando se fala em conflito, revolução, golpe de estado e outros termos relacionados, não se tem noção de que essas coisas raramente acontecem de forma pacífica. Que muitas vidas, as vidas dos fracos, são sacrificadas em nome de ideais, estejam eles certos ou errados. Aposto que não é bem nesses ideais que as mulheres que vivem, de facto, os conflitos, pensam quando estão a tentar salvas as vidas dos seus filhos. De nada lhes vale deus nessas alturas, excepto a esperança de um mundo melhor.
Antes fosse a ira dos deuses a triste sina da humanidade. No fundo, há muitos seres, mas poucos são humanos. E a desgraça do ser humano… é o ser humano.
Tenho pena…
“Happiness is a sad song…”
2 comments:
Tb tenho pena...
*Eu*
P.S.: Já n há paciência para estes posts enormes LOL
Foi, sem dúvida um dos teus melhores posts. aquele em que revelaste mais de ti. Por isso n podia deixar de ser bom. devias revelar mais de ti...
G.S
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