Sus-piros

suspiros passeavam na rua, como quem pisa nuvens de algodão doce. por certo que o aroma que emanava do céu não os inebriava ao ponto de os pôr a cambalear, como o fazia aquela pobre alma, que segurava nas mãos uma garrafa de bebida anestesiante. nunca podiam aqueles suspiros, tão calmos, tão pacíficos e tão compenetrados na sua própria vida ou num qualquer problema, adivinhar que o tecto, aquele tecto pardo de azul se fosse desfazer em lágrimas. lírios murchos e um punhado de rosas negras, exclamações e brados, tangerinas espalhadas pelo passeio.

não, aqueles suspiros imaginavam, por certo, um qualquer dia, aquecido com os resquícios das memórias, as céleres memórias.

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caíam as lágrimas, como punhados de partículas de aromas imaginários. sonhavam os espíritos com os raios que lhe apaziguariam a alma. mas desse fogo sentiram apenas um airoso tocar, que apenas lhes deu o conforto de um estranho colorir no céu. uma tela pouco usada, onde as cores zombavam do pardo e do choro. o derrame, o derrame de sensações.

e assim os suspiros suspiraram ainda mais.

S.D.

"Happiness is a sad song..."