pormenores II.

Tanto quando a agitação, gosto dos momentos de quase tédio. Poder olhar em volta, com calma, poder ler cada uma das palavrinhas do jornal enquanto tomo café, escrever devagarinho e saborear os verbos, poder conversar com os jornalistas e eles poderem conversar comigo, contar piadinhas e contarem-me anedotas, explicarem-me intrincadas investigações que levaram a cabo, conseguindo mais resultados do que a polícia, longos pequenos e almoços de charadas, gente mais velha e sabedora, a sabedoria da juventude, colegas estagiários, pausas para café e cigarros com umas quantas cigarrilhas pelo meio, gargalhadas de prazer e reflexões ilusórias, pensamentos intercalados, ai espera! não quero pensar, quero viver, os recortes de jornal nas paredes, com círculos de caneta vermelha à volta de palavras ou expressões, as fotos de actores com balões de dizeres cómicos, a caixinha de correio para o meu jornalista preferido, ah ele vem aí cumprimentar-me, como é costume, com dois beijinhos e um sorriso, oh desculpe ainda não tive tempo para ler o seu livro, quero dizer-lhe, mas uma avalanche de pedidos e chamamentos afasta-o e eu volto para a secretária, que nunca é totalmente minha, e já tenho um recado escrito num post-it azul.

A calmaria deixa-me gravar cada canto desta redacção para acompanhar outras memórias. Amanhã já é Julho e depois só faltam dois mesitos. Já me soa a contagem decrescente...

"Happiness is a sad song..."