Carta para ti, que não estás a ler

Quem costuma visitar o Postsecret percebe a sensação de se escrever segredos inconfessáveis em público, pela simples ideia de aliviar a pressão que um segredo coloca sobre o nosso espírito. Uma pessoa lê e identifica-se com as palavras ou lê e questiona-se sobre a pessoa que as escreveu, ou simplesmente fica a pensar nelas. Como uma catarse pública. Por isso mesmo decidi aliviar a alma em público.

(vai soar lamechas) Querido B.,

Sei que sou uma péssima amiga e que sou de tal forma orgulhosa que o orgulho se envergonha de mim. Sei que estás à espera que eu dê o primeiro passo, porque já deste tu muitos. Desculpa, mas não consigo deixar de ser casmurra e sei que sou parva por isso. Tínhamos feito inúmeros planos e eu nunca mais dei sinais de vida. E como sempre, serás tu a dá-los primeiro. Ou talvez não e eu perderei um grande amigo. Mas percebe que isto é apenas o meu mecanismo de defesa. Porque da última vez que dei um passo, maior do que a perna devo dizer, tu foste embora e eu fiquei sozinha com os nossos planos ao colo. Desta vez vou ficar quieta e pode ser que tu te canses do silêncio e venhas ter comigo outra vez. Se isso não acontecer, estou aqui para o que der e vier. Sempre tivemos conversas que davam romances ao estilo de Tolstoi e eu tenho saudades delas. Espero mesmo que, agora que voltaste, não te vás embora tão cedo. Mas se fores, eu não me vou sentir culpada por não ter falado. Ficarei apenas com o orgulho ferido.

LT

"Happiness is a sad song..."