quantos indecisos andam agora por aqui

Monday, October 27, 2008

Melancoly

Faltam quatro dias e ainda não comecei a fazer as malas e muito menos a arrumar o quarto, que está uma bagunça desde que voltei do Porto. A minha mãe enerva-se e fica nervosa por mim. Eu cá só sinto que o tempo passa demasiado depressa e pergunto-me se vou ter tempo de matar saudades de toda a gente [que mora cá no coração] antes de me ir embora.

O medo acumula-se, mas a empolgação também.

A família e os amigos olham para mim com um misto de consternação, surpresa e condescendência. A única que me entende é a minha madrinha, que no meio da sua tristeza me deseja toda a sorte do mundo e me pede com o olhar para aproveitar a oportunidade que ela teve mas não pôde agarrar. Revejo-me na sua estória de vida, nos seus ganhos e nas suas perdas e penso para mim que ela é a única que sabe aquilo que sinto, porque esteve no meu lugar há uns vinte e tal anos atrás. Mas eu tenho os pais, a objectividade e racionalidade que ela não teve e é por isso que os nossos percursos são diferentes.

De entre inúmeros sorrisos distingo olhares pesarosos, aos quais eu respondo com um "São só seis meses, passa depressa". Para mim vão passar e quando der por isso vou estar de volta, pronta para outra. Eu sou assim, sempre pronta para outra sem ter recuperado da anterior. É claro que por isso não há quem me perceba [com uma ou duas excepções, claro] e é por isso que sou e sempre serei a maluquinha da família e possivelmente dos amigos. Já que habituei ao cognome e vou aproveitando a fama, já que o proveito não é eterno.

Tenho pena do que vou perder não estando aqui. O meu afilhado a crescer, o meu irmão e as suas experiências, os sucessos dos amigos, novos amigos, concertos, estreias de cinema na melhor companhia, cafés com natas e tangos, luares, conversas, olhares e passeios. Mas só consigo pensar no que vou ganhar. Vou morar numa rua chamada Stanmore Lane, com muitas árvores e uma vizinhança simpática [coisa que por aqui é raro haver], muitas crianças com quem brincar e despertar o meu lado infantil, vizinhos que falam português [para não me esquecer], ares novos, costumes novos para aprender enquanto ensino os meus, um inglês novo para apreender, lugares para visitar, um luar diferente, amigos, conhecer amigos de longa data [os meus penfriends aos quais vou juntar uma cara ao nome e às palavras], inspiração para escrever.

Escrevo isto sem grande emoção. Este é o post mais racional dos últimos tempos e estes são os sentimentos mais ocos e dessentimentados que já senti.

"Happiness is a sad song..."

2 comments:

Anonymous said...

Ai Luninha... aposto que já não voltas para nós... e vai doer tanto! =(

m said...

Vai correr tudo bem Luninha!!! :D
Desejo-te a maior sorte do mundo, que esta viagem te trata tudo o que realmente precisas, para quando voltares ser um regresso em grande! :D
Muitos beijinhos, boa viagem e estou a torcer por ti!!!

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