Pessimismo e coisas que tais

Take a Walk on The Wild Side - Lou Reed

Decidi ser optimista. Abafar os comentários e pensamentos impecilhos, os juízos de valor imbuídos de tristeza, as afirmações negativas e até as ironias. Sou assim, do contra. Quando todos à minha voltam mostram o desespero e não se esquecem nem fazem esquecer da tal crise que avassala o mundo inteiro, eu decidi que vou fazer exactamente o contrário. O pessismismo esteve sempre comigo, esse bichinho que se recosta no meu ombro esquerdo e ao qual me fui habituando. Era meu, só meu. Muito útil quando se querem ter boas notícias: quando se pensa que alguma coisa vai correr mal e por acaso não corre, até sabe muito bem; ou quando se pensa o pior e o melhor acontece, é delicioso.

Ontem decidi que ia ser optimista. Nunca pensei que custasse tanto. Claro que vem de dentro para fora, mas se o tempo estivesse melhor talvez ajudasse. Café e torradas com mel, comfort food que infelizmente não conforta a alma. Grafonola digital pocket size (também conhecido por Ipod) quase no máximo com músicas agitadas e harmoniosas, de espírito e ânimo leve, para não ouvir conversas de esquina. Ignorar os jornais, especialmente as manchetes mais dramáticas. Olhar para o céu e não para monstros urbanos de betão e cimento e outras modernices. Forçar o sorriso, para ver se se força a alegria. Esquecer as tristezas com imagens mentais de paisagens, de boas memórias, de livros, de filmes.

E continua a ser difícil. Afinal, o pessimismo sou eu. O optimismo é um simples estado de espírito, de vez em quando. Mas decidi que vou continuar a tentar. Além de pessimista, também sou persistente (de vez em quando).

"Happiness is a sad song..."