quantos indecisos andam agora por aqui

Tuesday, July 07, 2009

das diferenças II

Prefiro pensar que somos seres de memória curta do que pensar que somos seres que não aprendem com os erros que cometemos. Torna-nos mais inteligentes do que somos, talvez, mas é por isso mesmo que eu prefiro pensar assim, como optimista que tento ser - e raras vezes sou, para dizer a verdade.

Lá estou em com generalizações, pensa o fiel leitor que tem acompanhado estes devaneios tanto quanto possível, mas também eu sou um ser de memória curta e, admito-o profundamente, também sou um ser que nem sempre aprende com os erros. Não quero fingir que sou filósofa, apenas penso sobre algumas coisas a caminho de algum sítio, no comboio, enquanto leio, enquanto vejo televisão, quando oiço algum tipo de música que facilita a introspecção, enquanto cozinho ou lavo a loiça e noutros momentos que prefiro não referir. E depois venho para aqui massacrar quem me lê com estas análises superficiais de uma realidade que tem o condão de me surpreender a cada instante e fazer com que o fiel leitor tenha vontade de espetar lápis nos olhos. Eu sei, convivo com os meus próprios pensamentos todos os dias, todas as horas e minutos e outras pequenezas horárias, e sei que a mim me apetece.

O que me ocorreu, enquanto fazia o jantar ao som do noticiário da noite e do vento que fazia bater os estores, é que a maior parte de nós sofre desse síndrome que são as questões existenciais, normalmente naquela fase da vida que nos faz hesitar entre preocuparmo-nos com súbitos ataques de acne ou com os primeiros desastres amorosos [digam-me que isto não é uma generalização sem sentido]. E depois o que acontece a todas essas perguntas sem resposta?

O que me parece é que ficam sem resposta por tempo indefinido, especialmente porque, por alguma razão intrínseca ao nosso código genético [quero acreditar que não é algo consciente], enterramos todas as questões bem lá no fundo enquanto mascaramos as nossas dúvidas com certezas instantâneas, como quem disfarça um lobo com a pele de um cordeiro. Ou então arranjamos diversas formas de não pensarmos mais no assunto, distraindo essa parte do cérebro que faz essas perguntas, um pouco estúpidas e inquietantes, com coisas aparentemente mais importantes [ou talvez até sejam mesmo mais significativas]. Exemplos dessas coisas: trabalho, amores e desamores, convívios sociais, planos, metas, desafios.

E depois, quando a tal da realidade que tem o condão de nos surpreender com coisas inesquecíveis se lembra que nós existimos, acontece-nos alguma coisa que nos deixa pensativos outra vez, libertando-nos momentaneamente da maturidade para voltarmos às questões existenciais que nos assombraram a adolescência. Exemplos dessas coisas: o nascimento do nosso ou do rebento de alguém próximo, a morte de alguém que nos é querido, uma doença que nos coloca no limiar da vida ou da morte, um ou outro livro mesmo bom, entre muitos outros.

Contudo, depois de tudo isso, depois de choros e desconfortos e de tentativas de consolo com caixas de gelado e chocolate, bebidas com alto teor alcoólico ou, possivelmente, tentativas de suicídio [eu sei, sou o exagero em pessoa], voltamos à vidinha de sempre.

E onde quer a Luna chegar com tudo isto? A lado nenhum, obviamente, já que retirar conclusões destes raciocínios um pouco delirantes é como usar óculos verdes para verde perto: só resulta com a graduação correcta. Foi só um desabafo.

"Happiness is a sad song..."

9 comments:

L. said...

Eu li a primeira frase e pensei "Isto promete". E olha. Cada vez que te leio fico com a impressão de que conheço um pequeno génio. Todos os génios são considerados lunáticos e maluquinhos, por isso tenho quase a certeza de que és um.

"fazer com que o fiel leitor tenha vontade de espetar lápis nos olhos"

Nem pensar!! Muito pelo contrário. Vicias-me na tua escrita e fazes querer mais e mais.

ESCREVE UM LIVRO JÁ (não tarda vou fazer uns cartazes e vou protestar para a tua porta ou fazer greves de fome, que costumam resultar, pelo menos na TV)...

Beijo meu minha filósofa (sim, és) preferida*

Only Me said...

Concordo, é um texto viciante e real, profundo. Lunático? Sim. Espetar lápis nos olhos? Não mesmo. Se quero mais? You bet on it

aquelabruxa said...

mas quais perguntas existenciais, afinal? lol
ai, é terrível esquecer tudo (às vezes); uma pessoa quer racionalizar ou aprender qualquer coisa e não dá... não dá mesmo! hum... ora vejamos... porque é que eu desisti de fumar durante o dia? deixa lá fumar um cigarro para me lembrar... ah, pois, fico a morrer de sono e já não faço mais nada hoje!

Sandra said...

nem mais.. "crises existenciais" todos nós as temos, e aos montes.. LOL, juas.

Vai ao meu blog, tem um "miminho" for you :)

juas gémea * és genial

Anonymous said...

Tu brincas com as palavras.

farfalla said...

eu tenho óculos verdes!!! LOOOL

Conclusões chegam sempre quando já não sabemos sobre o que concluímos...

Fiz-me entender?

_baci_

Anonymous said...

A sério... tenta resumir um pouco o que te passa pela cabeça.
É que a escreveres assim tanto só redigirás um artigo no jornal quando te derem praí umas 4 páginas.
Neste caso, menos é mais!!!!

Anonymous said...

L.,
eu? um génio? não, acho que estás enganado. e acho que tenho mesmo que começar a escrever um livro, não quero que passes fome, já és magro que chegue ;) bigado pelas tuas palavras...fofas como sempre.

Only me,
bigado =) ainda bem que não queres espetar lápis nos olhos, assim tenho mais uma pessoa para ler o blog.

Sandie,
genial és tu =) e crises existenciais aqui são o pão nosso de cada dia. de cada semana, vá. durante o dia estou mais ocupada com devaneios e notícias.

Anónimo,
pois brinco. se calhar é como brincar com o fogo. mas queimada já eu estou ;)

farfalla,
acho que percebi. às vezes só estamos preparados para conclusões quando não sabemos que estamos preparados. but life always finds its ways...

Jace,
acredita, os meus artigos não são assim. apesar de ter a sorte de poder escrever quase à vontade no jornal, sou muito mais comedida. só escrevo muito quando sei que posso. e se não puder aqui, vou escrever onde?

saudalunações*

Ai e Tal... said...

Engraçada a primeira frase.

Eu cá acho que, se a vida é levada com sinceridade, e se pões o teu "Eu" em tudo o que fazes, podemos aprender com os erros, mas, se tiveres oportunidade de voltar atrás, as coisas são feitas da mesma maneira.

Porque cada um é como é...

***MUAH***