quantos indecisos andam agora por aqui

Wednesday, November 04, 2009

crónicas de uma engripada I

estar em casa e não poder fazer nada por falta de capacidades físicas e mentais tem muito que se lhe diga. é como ter um nogat na mão e não dentes para o mastigar. mas pior: é termos os dentes e não o podermos comer nem termos vontade. quem diz o nogat, diz docinhos, tartes de maçã, lasanhas e essas coisas todas.

não ter apetite é mau sinal, no meu caso. ou seja, a coisa cá dentro já não corria nada bem na sexta-feira, quando os primeiros sintomas deram sinais de vida e eu quase parecia uma morta. mas depois acalmaram e no sábado até se passou uma boa noite de halloween. e no domingo, claro, não me consegui levantar da cama e não era apenas cansaço, era algo mais que não conseguia definir por nem sequer conseguir pensar. meço a temperatura: uns belos 40º. passo o dia quase todo na cama, mas como sempre não levo nada a sério e penso que no dia seguinte já estará tudo bem.

pois que na segunda-feira não está tudo bem e uma vez mais a cama puxa-me para ela e não me deixa sair. e eu a pensar que ela estava farta de mim depois de um dia inteiro juntas. a temperatura lá desceu para os 39,5º e eu tomei um banho morno a atirar para o frio e ela chegou aos 38º para eu poder sair de casa e ir ao posto médico. mal eu acabei de revelar os meus sintomas à mulher da recepção já ela gritava "temos aqui uma suspeita de gripe A!" e já uma enfermeira me colocava uma máscara na cara e já outra me encaminhava para uma ala cheia de outros suspeitos do mesmo crime.

ora mesmo que eu tivesse apenas uns ténues indícios de gripe, como uma miúda que tinha apenas dores de cabeça e tonturas ou um rapaz que só tinha um pingo no nariz e alguma tosse, mas que estavam ali com pessoas que claramente tinham gripes fortes, ficava logo contaminada. para comprovar o "saudável" funcionamento do centro de saúde: fui atendida primeiro que duas crianças com menos de três anos, apesar da minha insistência em que elas fossem atendidas antes de mim. e ainda olharam para mim como se eu estivesse a pedir ostras e caviar.

o médico parecia mexicano e eu quase não percebi o que ele disse. quando ele me mostrou uma espátula depreendi que fosse para lhe mostrar a língua, quando ele sacou do estetoscópio depreendi que fosse para tirar o casaco. e lá percebi que tinha de ficar sete dias em casa e só se piorasse é que seria hospitalizada. como não faço parte dos grupos de risco, apenas me receitaram um composto de benuron com codeína e mandaram-me para casa com uma máscara na cara. como se já não me bastasse ter cara de monhé.

entretanto passei o resto do dia na cama e a noite a vomitar. e terça-feira foi cama o dia todo, mas consegui dormir umas horinhas de noite. e lá vou tentando trabalhar em casa, mas está difícil. ah, e a temperatura já está na casa dos 38º há algum tempo, por isso parece-me estável.

e eu cá tenho quase a certeza de que não é gripe A. sou muito optimista, eu sei.

p.s.: fosse eu pessimista e este post teria como título "crónicas de uma morte anunciada". Gabriel García Márquez está sempre na moda, é o que é. mas eu ando a ler António Lobo Antunes.

"happiness is a sad song..."

3 comments:

Only Me said...

As melhoras Luna...

Beijinhos minha optimista XD

Liliana Carvalho Lopes said...

As melhoras minha monhé linda e preferida!

:)*

Sandra said...

minha geniaaal, andas uma desnaturada! ja nem me respondes aos mails -.- enfffiiimm
melhoras rapidas :D juas juas ****