"Prefiro ler um mau livro a fazer outra coisa qualquer." Miguel Esteves Cardoso, em entrevista para a revista LER. sim, aquela que tem como título "O meu mal é ter uma curiosidade de p*ta".
dizem que com a idade vai-se ganhando paciência. a minha paciência é agora conseguir suportar páginas de mau português porque gosto da estória ou preferir ler maus livros do que não ler de todo. por essa ordem de ideias, acho que gosto desta coisa chamada maturidade. mas, para a paciência, sou o que o este incrível escritor apelidou de late bloomer. mas sou-o com muito orgulho. o meu "pão nosso" é ir ganhando paciência de dia para dia - desengane-se o leitor que me toma por pessoa calma, que infelizmente ainda "fervo em pouca água". adiante, segue uma das minhas passagens preferidas da entrevista:
"A obra é uma coisa que fica. Se tirarmos os filhos da p*ta da literatura e da pintura ficamos com nada. Se se tirarem os bêbados fica-se com zero. Se deixarmos só os livros feitos por pessoas que se portavam bem, tratavam bem a mulher, eram bons amigos e pagavam as contas a horas, ficamos só com m**da. O único autor que foi boa pessoa e ao mesmo tempo um génio é capaz de ser, sei lá, o Beckett."
E agora estou aqui a tentar conter-me para não citar tudo e mais alguma coisa desta entrevista. Só mais uma coisinha:
"É ultradeprimente estares sempre a ler coisas muito melhores do que alguma vez vais conseguir escrever. Ultradeprimente. Tem outro problema gigantesco, que é o problema da influência: influencia-te imenso e levas anos e anos a tentar extirpar essas presenças. Não as notas quando estás a escrever mas passa um mês, vais ler aquilo, meu Deus! Parece o autor que tu mais admiras mas de sétima qualidade. Tem todos esses problemas. Portanto, é preciso coragem para ler os génios. Coragem!"
"happiness is a sad song..."
3 comments:
Esse homem é apanhado da carola mas diz coisas tão acertadas... É exactamente a mesma coisa com a música. Se apagássemos da história todas as músicas que foram feitas sob efeitos de drogas ou por músicos deprimidos e cheios de problemas, ficávamos muito mais pobres.
Quando às influências do que lemos e a frustração de sabermos que nunca vamos atingir aquilo, é tão verdade...
já leste o Amor é F*dido? é tão bom... tão bom quanto é tanta a verdade que o homem diz para aí. de forma pouco ortodoxa, é verdade, mas se calhar é assim que se atingem as "massas".
Este senhor...é simplesmente um senhor! Sabe o que diz...sem papas na lingua...houvesse mais gente com a mente deste homem e que consegue adaptar a sua voz ao que qualquer um compreende.
Ele diz "asneiras cultas" e "palavrões eruditos"...pelo menos é bom pensar que sim...^^
E sim...o Beckett deve ter sido o unico...
Bom post*
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