(re)começo

uma workaholic em casa não costuma dar bom resultado. ainda com a sensação de que se consegue ser feliz sem se sujeitar às tiranias de uma sociedade não valoriza o que tem, mas que prefere confiar no que ainda não tem, abre a janela e contempla o céu cinzento e o dia inteiro de chuva que se avizinha com esperanças de que haja por aí alguém que se disponha a deixá-la escrever com as condições que merece [que todos os jovens merecem] sem lhe oferecer para isso as condições que ninguém merece.

não vale a pena falar das injustiças da sociedade, nem do mundo, nem do estado das coisas. o que é certo é que há muita gente assim, no auge do raciocínio e com vontade de fazer algo que mude, mas que fica de mãos atadas pelas circunstâncias. eu conheci uma pessoa que seguiu jornalismo para poder mudar o mundo. ingenuidade? não, esperança a mais, digo eu. eu contentava-me com menos do que isso. e hoje, decidi que tenho de deixar de querer demais e resolvi que não vale a pena investir esforço nem trabalho em projectos para os quais o razoável ou o medíocre basta. nos entretantos (entre o querer demais e o não me contentar com investimentos infrutíferos) fica a vontade de continuar. mas sem sujeições a faltas de respeito para com quem quer começar uma vida e a dar o exemplo de que mais vale ficar em casa do que trabalhar para sustentar uma sociedade que não valoriza a mão-de-obra jovem e qualificada, as ideias frescas de quem vê o mundo com outros olhos e o sustento de quem poderia levar as coisas mais adiante, em vez de as fazer regredir. e nesses entretantos há muito para fazer. se hoje em dia trabalhar é para aquecer, que seja para nos aquecermos a nós próprios.

"happiness is a sad song..."