quantos indecisos andam agora por aqui

Thursday, January 12, 2012

"olhar o desemprego por um canudo"

estou sem emprego há cinco meses. em dois desses meses fiz um estágio curricular numa outra área da comunicação, com o objectivo de manter os laços com o trabalho e fazer currículo e também ocupar o tempo. mas depois passaram três meses deste essa ocupação e nada. 

se me perguntarem se estou triste pela minha situação e pela de muitos outros jovens (quase 5,6 milhões em toda a Europa) diria que sim, sem dúvida. mas a culpa (do desemprego e da minha situação) não é minha. e não ajuda que desde sempre sejamos definidos pela profissão que temos ou pelo que queremos ser.

isto é, ninguém nos pergunta o que somos. antes somos questionados sobre o que estudámos, o que queremos ser e o que queremos fazer. sempre desta forma, sempre falando de futuro. no entanto, para mim nós já éramos a profissão que escolhemos mesmo antes de a exercermos. por exemplo, eu já gostava de escrever antes de ter escolhido o jornalismo.

por isso causa-me estranheza que em certos formulários tenha que escrever, em frente a "ocupação": desempregada. porque isso é um termo vazio para definir uma coisa que não somos, mas uma situação na qual, na maior parte das vezes pelos menos, fomos obrigados a permanecer.

tenho quase um quarto de século e estou presa num ciclo para o qual não contribuí (é verdade, eu nem sou de cá), senão frequentando o sistema de ensino que me proporcionaram e através do qual usufruí de algumas bolsas de mérito e dos privilégios da acção social escolar. esse mesmo ciclo, pelos vistos não tem lugar para os 30% de jovens que neste país estão sem ocupação nem para os outros tantos que assim estão em toda a Europa. 

isto, a meu ver, tomou proporções de uma epidemia.

4 comments:

Sara non c'e said...

Uma epidemia, sem dúvida. Mas pelo menos nas epidemias os cientistas tentam efectivamente resolve-la, e não piorá-la para ganhar mais dinheiro.

Anonymous said...

não podia estar mais de acordo...

Anonymous said...

Sou apologista de por na "ocupação" os nossos hobbies =D

Anyway, não tenho dúvidas de que não ficarás muito mais tempo nessa situação. Felizmente há sempre quem procure nos jovens o mérito e não o seu ciclo de conhecimentos.

Concordo contigo quanto ao facto de as profissões não definirem quem somos. Antes somos nós que definimos as profissões.

Beijo meu*

P.S.: melhores dias virão.

Anonymous said...

seria interessante pôr os hobbies na "ocupação", mas temo que uma só linha (que o que normalmente reservam a essa questão) não chegaria.

sim, somos nós que definimos as profissões. olha o exemplo dos funcionários públicos: tornaram-se uma espécie desprezível e considerada preguiçosa à conta de alguns exemplos.

sim, melhores dias virão. não sei é se serão para mim...