Coisas "gay"

Enquanto tentava perceber quem era gay e quem não era não me apercebi que alguém se perguntava se eu também o era ou não. Penso que é disso que se trata a liberdade de pensamento... pensar o que se quiser, sobre quem quiser.
Eu, a Su e mais duas raparigas [Joana e Kate] aqui da residência fomos ao café Lusitano, que a Joana definiu como um "sítio com muita diversidade". O ambiente estava fabulástico como sempre, a música interessante, as pessoas também [o barman requer um muito antes do interessante... aliás, um muitíssimo].
Depois de esgotadas todas as possibilidades de conversa, o mais produtivo seria observar o que nos rodeava. Um casal improvável à nossa esquerda, e antes disso um jovem solitário e muito fumador, do nosso lado direito um casal de duas mulheres, mais à frente um grupo de quatro, paralelamente a nós um grupo enorme... muitos foram chegando, muitos foram saindo.
Há pessoas cuja opção sexual está à vista. Há aqueles que parecem esconder alguma coisa, mas pode ser só impressão nossa. Há aqueles em que só mesmo perguntando directamente e, mesmo aí, talvez continuemos com dúvidas. E há aqueles que querem demonstrar uma coisa e são outra.
Por entre olhadelas para o barman, avistei uma amiga, que vou chamar de X. Acompanhada.
Achei melhor não interromper. Mas, quando ele se dirigiu para o WC, houve qualquer coisa no seu andar que me fez duvidar que aquilo se tratava de um encontro amoroso. E então dirigi-me a X, cumprimentámo-nos. Não fazia intenções de perguntar directamente se ele era gay ou não, mas tinha esperanças de que X dissesse alguma coisa que desse a entender alguma coisa.
Ele chegou, falámos um pouco e eu fiquei na mesma, por isso voltei para junto das minhas amigas. De vez em quando, reparei que X olhava para mim com curiosidade. Quando fomos pagar, o amigo olhou para mim de alto a baixo e não reparei se ele estava apenas a analisar para uso puramente científico ou pessoal.
Mas assim apercebi-me de que, enquanto eu me perguntava se ele era gay, a X (e talvez ele) também se estavam a perguntar a mesma coisa acerca de mim.
Por isso... quando forem a locais deste género... não olhem demasiado para as pessoas, ou elas iram olhar demasiado para vocês... [não era bem esta a moral da estória que eu queria tirar, mas foi a que me saiu... afinal, já são 3.30 da manhã]

[lá pelo meio também pensei que o barman era gay, até que o vi olhar para o peito de uma cliente com ar de quem não tinha jantado...ainda há esperanças. E muitas mais noites para aproveitar!]


"Happiness is a sad song..."