Hoje, do nada, apeteceu-me entrar numa igreja que fica a caminho de casa [ou a caminho da faculdade, depende da perspectiva].
Como das outras vezes em que entrei, era a hora da limpeza e o o funcionário aspirava com uma máquina que, provavelmente, faz mais barulho do que trabalha.
No entanto hoje ecoava por ali uma música estranha, espiritual e ao mesmo tempo terra-a-terra, típica de igrejas e ao mesmo tempo como nada que eu já tivesse ouvido. Uma música que se sobrepunha ao barulho das limpezas diárias...
Atravessei o corredor lateral e notei que o som provinha de cima... e pela primeira vez viro-me para trás e...
Numa balaustrada, num varandim de coro, um piano daqueles enormes, que ocupam uma parede inteira com os seus tubos, por onde sai o som mais demoníaco e angelical que eu já ouvi parecia zombar de mim.
Não vi ninguém a tocar, mas sentei-me mais à frente, pensando maravilhas do pianista. No entanto, depois da minha breve visita eclesiástica, olhei para o fundo de um corredor e estava lá... a aparelhagem de onde vinha a música. Em cada coluna, depois de um ou outro anjo, havia uma coluna presa.
O meu fascínio pela música manteve-me, mas a minha ingenuidade fez-me pensar. No fundo, tudo aquilo poderia ser uma excelente metáfora para a fé... se eu quisesse poderia simplesmente ter acreditado que aquela música, que parecia demasiado perfeita, provinha das mãos de um pianista devoto. Se calhar até nem estava errada... mas o pianista, neste momento, está noutro sítio qualquer, que me é desconhecido.
[tal como Deus]
"Happiness is a sad song..."
Como das outras vezes em que entrei, era a hora da limpeza e o o funcionário aspirava com uma máquina que, provavelmente, faz mais barulho do que trabalha.
No entanto hoje ecoava por ali uma música estranha, espiritual e ao mesmo tempo terra-a-terra, típica de igrejas e ao mesmo tempo como nada que eu já tivesse ouvido. Uma música que se sobrepunha ao barulho das limpezas diárias...
Atravessei o corredor lateral e notei que o som provinha de cima... e pela primeira vez viro-me para trás e...
Numa balaustrada, num varandim de coro, um piano daqueles enormes, que ocupam uma parede inteira com os seus tubos, por onde sai o som mais demoníaco e angelical que eu já ouvi parecia zombar de mim.
Não vi ninguém a tocar, mas sentei-me mais à frente, pensando maravilhas do pianista. No entanto, depois da minha breve visita eclesiástica, olhei para o fundo de um corredor e estava lá... a aparelhagem de onde vinha a música. Em cada coluna, depois de um ou outro anjo, havia uma coluna presa.
O meu fascínio pela música manteve-me, mas a minha ingenuidade fez-me pensar. No fundo, tudo aquilo poderia ser uma excelente metáfora para a fé... se eu quisesse poderia simplesmente ter acreditado que aquela música, que parecia demasiado perfeita, provinha das mãos de um pianista devoto. Se calhar até nem estava errada... mas o pianista, neste momento, está noutro sítio qualquer, que me é desconhecido.
[tal como Deus]
"Happiness is a sad song..."
3 comments:
Uau...
Brilhante, este texto. Não sei como consegues transformar estes factos do dia a dia em narrativas fora de série. Ei, isto até podia ser daquelas críticas que vêm nas contra-capas dos livros...
Sabes.. apetece-me bater-te... Começaste tão bem, já tava a sentir aquele arrepio, aquela vontade de ouvir o piano, de admirar toda a arte envolvente, tudo... E depois acabas assim... Grrrr...
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