quantos indecisos andam agora por aqui

Friday, November 16, 2007

Fragmentos...

Gostava de pensar “É isto, é isto!”. Mas parece que tudo escorre em segundos, como a areia de uma ampulheta que se converte em sonhos quebrados. A excitação de uma escolha, de um passeio, de uma conversa. Não, não era assim que eu imaginava que seria.
A adrenalina de ter uma coisa nova logo se esbate perante as agruras do caminho e as cicatrizes no corpo e na alma. Não há nada como respirar fundo e seguir em frente, enfiar a mente no cubículo de um tema, de outra mente [de uma ou outra pessoa que se nos apareça no caminho] de um nada. Depois transmitir sensações em palavras, em frases bonitas e apelativas, sem passar a fronteira do romance de cordel.
Parece interessante. No entanto, logo surge alguém que pensa ser aborrecido. Parece lindo. Mas logo aparece alguém que pensa ser demasiado poético. Parece uma porcaria. Mas afinal não está assim tão mal.
Apenas contradições. A contradição da vida que corre lá fora com os nossos próprios pensamentos. A incongruência do que se quer e do que não se pode. A infelicidade de quem quer voar, mas tem os pés presos à terra.
Nem tudo é mau. Não. Há os amigos e o que eles nos transmitem. Talvez seja demasiado utópico pensar que eles vão ficar aqui para sempre. Mas eles ficam, nem que seja quando os gravamos juntamente com os momentos. Eles ficam, como um sorriso colado a uma foto. Recorda-se um contratempo. E logo a seguir, recorda-se o amigo que emprestou o ombro para chorarmos. Recorda-se uma noite sem dormir. E logo a seguir, recorda-se o amigo que nos ofereceu um café. Recorda-se a palavra que não sai, porque está presa debaixo da língua. E logo a seguir, recorda-se o amigo que ofereceu uma alternativa, que até ficou melhor, ou nos arrancou as palavras da alma, como quem puxa um fio solto de uma camisola demasiado velha.
E há os fragmentos. Os fragmentos de tudo e os fragmentos de nada. As sensações de que está bem, por dentro, mas ao mesmo tempo mal, numa parte mais oculta, que se tenta esconder. Os fragmentos de frases que ficam gravadas na memória ou no papel. Os fragmentos do que não se teve e do que se levou. Para o resto da vida.
No corpo pesam as roupas que um dia protegeram vida. Na alma pesam as lembranças. Mas o seu peso é em ouro e diamantes.





"Happiness is a sad song..."

4 comments:

Anonymous said...

É verdade. Tudo se escorre, mas há muita coisa que fica e fica para sempre. Seja o que for que isso quer dizer. Como disseste um dia, podemos não levar o dinheiro para a cova, mas levamos todas as nossas memórias na nossa alma. Mesmo que depois não nos lembremos.
Acredita que se o ser humano tivesse algum valor material, seria o mesmo o valor das lembranças. Senão mais. Porque o que é o homem sem as suas memórias?

Anonymous said...

A musiquinha acompanha bem o ritmo da tua escrita. Meh, há alguma coisa que tu faças mal? Lolol...
Gostei muito, principalmente quando te referes aos amigos. Gosto sempre, porque me parece que estás a descrever momentos que conheço...

Anonymous said...

"E logo a seguir, recorda-se o amigo que ofereceu uma alternativa, que até ficou melhor, ou nos arrancou as palavras da alma, como quem puxa um fio solto de uma camisola demasiado velha."

Não sei como fizeste, mas isto parece-me quase poético. Hum... diria que sim... poesia em prosa...

Raistlin The Wizard said...

Ai num sei

recebi umas vibes estranhas deste posts

devo ser eu k tou estranho hj...