Irritações de uma segunda-feira pouco produtiva

Por acaso não será este o meu blog? Ah, sim, é. Então posso falar de tudo o que me apetecer, certo? E posso falar até mesmo do que me irrita? E do que me chateou hoje e em vários outros dias?

O melhor é começar.

Irritam-me olhares de entendimento quando não existe nada para entender. É assim que as coisas são, todos percebem e não há ninguém que compreenda mais do que outros. É, simplesmente assim. Ninguém é génio por entender a realidade. Há muitos outros que a entendem e não são génios, muito pelo contrário. Falo de pessoas demasiado ligadas à terra e demasiado desligadas de todos os outros. Pessoas que estão por todo o lado. Sim, à minha volta. E que canalizam os seus esforços para que todos vejam que eles compreenderam o que pensam que mais ninguém compreendeu. Sim, são pensamentos confusos os que me assolam a mente. E a única forma de os colocar fora de mim é a escrita.

Irritam-me pessoas que pensam que são melhores apenas porque tiveram a sorte de arranjar um emprego que preste. Por sorte ou por cunha. Irrita-me que coloquem defeito no talento das pessoas apenas pela profissão que elas exercem ou pretendem exercer. Irrita-me que façam troça de mim, mesmo que indirectamente, na minha cara e que eu não possa responder como quero apenas porque tenho que mostrar respeito. Irritam-me pseudo-quaisquer-coisa. Dependendo da profissão que exercem. Neste caso, pseudo-professores-assessores.

Irritam-me ainda mais pessoas que, de tanto gostarem de uma pessoa, lhes adquirem os hábitos, principalmente os maus. E tornam esses hábitos como seus de origem. E passam a pensar que são mais que os outros. Talvez essa fusão de hábitos seja consciente e eles pensem que ganharam alguma coisa com isso. Não sei. Não consigo perceber essas pessoas. Irrita-me também os hábitos de origem. Não me irritavam antes, mas agora chateiam-me a sério. De tal modo que quase nem consigo olhar para pessoas que estimava tanto, há tempos.

Irrita-me não ter ideias. Não ter criatividade. Bloqueios. Ter vontade, mas não ter criatividade. É uma das piores coisas que me podem acontecer. Querer escrever e não poder porque não há ideias. E também, por outro lado, ter ideias mas não ter vontade. Menos mal na escala das coisas más, mas também inquietante. Principalmente para mim.

Irritam-me gestos que estão tão entranhados nas pessoas que elas nem notam e raramente eu os noto, por estarem associados às características físicas, de tal forma estão entranhados. E quando alguém me faz reparos sobre isso e eu vejo que, de facto, esses gestos estão sempre lá e sempre associados às pessoas em questão fico irritada. Não que eu não os tenha. Mas creio que também devam estar demasiado entranhados para os notar...

E irrita-me esta letargia que parece surgir da mesma forma que a chuva. E que não me deixa sequer pensar... e que me faz olhar pela janela e ter vontade de chocolate quente e leituras prolongadas pela noite dentro... e conversas com pessoas especiais...


"Happiness is a sad song..."