«Não há forma nenhuma de se verificar qual das decisões e melhor porque não há comparação possível. Tudo se vive imediatamente pela primeira vez sem preparação. Como se um actor entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que vale a vida se o ensaio da vida já é a própria vida? É o que faz com que a vida pareça sempre um esquisso. mas nem mesmo "esquisso" é a palavra certa, porque um esquisso é sempre o esboço de alguma coisa, a preparação de um quadro, enquanto o esquisso que a nossa vida é, não é o esquisso de nada, é um esboço sem quadro.
Tomas repete em silêncio o provérbio alemão, einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Não poder viver senão uma vida é pura e simplesmente como não viver.»
Milan Kundera, a Insustentável Leveza do Ser
É por "esquissos" como este que penso que Milan Kundera deveria ser a pessoa mais interessante para se conversar...
Será que a vida é mesmo um rascunho de si mesma? Talvez. Um rascunho que se deita fora logo depois de ter sido concluído, diria eu. Nada se repete da mesma forma como aconteceu. Já me tinha apercebido disso.
Já nem as músicas me soam da mesma forma de todas as vezes que as oiço.
E as palavras soam-me de forma diferente.
Até esta pequena citação do livro me parece ligeiramente alterada.
Mas não. As palavras não voaram das páginas, nem as páginas borraram as palavras formando outras. Os meus olhos também não mudaram. Mudaram, sim, os meus pensamentos. Porque agora, mais do que nunca percebo este pedaço de texto.
«Nunca se pode saber o que se deve querer porque só se tem uma vida que não pode ser comparada com vidas anteriores nem rectificada em vidas posteriores.»
Não me limito a perguntar porquê, apenas pergunto, porque não?
E porque uma imagem vale mais do que mil palavras, ou assim se costuma dizer... deixo um dos vídeos de um filme que me faz sempre sonhar... Sonhos, de Akira Kurosawa... em que transparece a essência de um dos melhores pintores, que concretizou em telas, não esboços de vida, mas vida em alguns dos melhores esboços de genialidade que já alguma vez existiram.
Tomas repete em silêncio o provérbio alemão, einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Não poder viver senão uma vida é pura e simplesmente como não viver.»
Milan Kundera, a Insustentável Leveza do Ser
É por "esquissos" como este que penso que Milan Kundera deveria ser a pessoa mais interessante para se conversar...
Será que a vida é mesmo um rascunho de si mesma? Talvez. Um rascunho que se deita fora logo depois de ter sido concluído, diria eu. Nada se repete da mesma forma como aconteceu. Já me tinha apercebido disso.
Já nem as músicas me soam da mesma forma de todas as vezes que as oiço.
E as palavras soam-me de forma diferente.
Até esta pequena citação do livro me parece ligeiramente alterada.
Mas não. As palavras não voaram das páginas, nem as páginas borraram as palavras formando outras. Os meus olhos também não mudaram. Mudaram, sim, os meus pensamentos. Porque agora, mais do que nunca percebo este pedaço de texto.
«Nunca se pode saber o que se deve querer porque só se tem uma vida que não pode ser comparada com vidas anteriores nem rectificada em vidas posteriores.»
Não me limito a perguntar porquê, apenas pergunto, porque não?
E porque uma imagem vale mais do que mil palavras, ou assim se costuma dizer... deixo um dos vídeos de um filme que me faz sempre sonhar... Sonhos, de Akira Kurosawa... em que transparece a essência de um dos melhores pintores, que concretizou em telas, não esboços de vida, mas vida em alguns dos melhores esboços de genialidade que já alguma vez existiram.
"Happiness is a sad song..."
3 comments:
Meu deus... miúda... às vezes dás-me arrepios. No bom sentido, claro. Ou melhor,no bom e no mau. Bom porque... bem nem é preciso dizer... e mau porque me fizeste pensar. E isso nunca dá bom resultado.
Como sabes.
E pronto, eu nunca mais reclamo quando deixares de postar um dia ou dois... -.-'
Credo só consigo dizer
"As iludências aparudem"
E no dia em que começares a escrever assim bato-te!
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