Escrevia e apagava. Escrevia e apagava. E quando apagava escrevia. Quando apagava escrevia na sua mente tudo aquilo que gostava de transcrever e que não é possível passar para palavras. Seria possível reverter? Não escrever cartas, escrever corações. Corações despedaçados? Será que a super-cola resulta? Colar os pedaços. Toscamente. Esperar que eles se juntem sozinhos. E seguir em frente.
E continuava. Uma palavra, um espaço. E aquela tecla em que deixava o seu dedo ficar durante instantes que pareciam eternidades. E os seus olhos viam, viam as palavras desaparecer e ficar o branco, o branco de certas nuvens, de certos céus.
Relembrava aquela amiga, a que escrevia poemas de amor sem nunca se ter apaixonado. Não acreditava nos seus poemas, assim como não acreditava nas pessoas que diziam que gostavam muito dos seus olhos. Aquele castanho igual a tantos outros, aquelas pestanas normais, as pálpebras palpitantes. Não acreditava porque não queria acreditar. Não acreditava porque pensava que os apaixonados não conseguiam comer, nem dormir. Nem escrever.
Sabia que a sua mente ficava toldada. Sempre que se lembrava. Mãos, lábios, pescoço, voz, gestos, suspiro. Suspiro.
Tentou escrever mais um pouco. Não. Quem gosta não consegue escrever. Não consegue? Mesmo que o coração esteja colado? Fez uma pausa no seu gesto e recomeçou. E de novo terminou. Aquilo que ficou na página foi um A.
Amor, armadilha, artifício, atravessar, apatia, ar, areal, amíude. Antigo, alcançar, amanhecer. Amor, amor, amor.
Não. Não escrever era como não respirar. Toldava-lhe a vista, esmagava o peito, comprimia o espírito. Não escrever era como ficar sem comer durante uma semana. Palavra, palavra, palavra. Deixá-las ficar no branco, com as suas linhas atravessadas, os seus contornos, a sua magia. Deixá-las respirar como quem liberta a rolha de uma garrafa de vinho depois de vinte anos. Sim, elas estavam guardadas. No coração? Aquele que está colado?
O texto começava com "Querido..." e terminava com "Adeus... para sempre"... o coração despedaçava-se de novo. Não era boa a cola? Não era bom o coração? Não era bom ele, o querido?
Querido, querido, querido. Pensou ela. Ele não estava lá. E ela chorou. Porque queria ter a inspiração da amiga. Aquela que nunca se tinha apaixonado.
"Happiness is a sad song..."
E continuava. Uma palavra, um espaço. E aquela tecla em que deixava o seu dedo ficar durante instantes que pareciam eternidades. E os seus olhos viam, viam as palavras desaparecer e ficar o branco, o branco de certas nuvens, de certos céus.
Relembrava aquela amiga, a que escrevia poemas de amor sem nunca se ter apaixonado. Não acreditava nos seus poemas, assim como não acreditava nas pessoas que diziam que gostavam muito dos seus olhos. Aquele castanho igual a tantos outros, aquelas pestanas normais, as pálpebras palpitantes. Não acreditava porque não queria acreditar. Não acreditava porque pensava que os apaixonados não conseguiam comer, nem dormir. Nem escrever.
Sabia que a sua mente ficava toldada. Sempre que se lembrava. Mãos, lábios, pescoço, voz, gestos, suspiro. Suspiro.
Tentou escrever mais um pouco. Não. Quem gosta não consegue escrever. Não consegue? Mesmo que o coração esteja colado? Fez uma pausa no seu gesto e recomeçou. E de novo terminou. Aquilo que ficou na página foi um A.
Amor, armadilha, artifício, atravessar, apatia, ar, areal, amíude. Antigo, alcançar, amanhecer. Amor, amor, amor.
Não. Não escrever era como não respirar. Toldava-lhe a vista, esmagava o peito, comprimia o espírito. Não escrever era como ficar sem comer durante uma semana. Palavra, palavra, palavra. Deixá-las ficar no branco, com as suas linhas atravessadas, os seus contornos, a sua magia. Deixá-las respirar como quem liberta a rolha de uma garrafa de vinho depois de vinte anos. Sim, elas estavam guardadas. No coração? Aquele que está colado?
O texto começava com "Querido..." e terminava com "Adeus... para sempre"... o coração despedaçava-se de novo. Não era boa a cola? Não era bom o coração? Não era bom ele, o querido?
Querido, querido, querido. Pensou ela. Ele não estava lá. E ela chorou. Porque queria ter a inspiração da amiga. Aquela que nunca se tinha apaixonado.
"Happiness is a sad song..."
7 comments:
Luna, Luna... tão poético, tão bonito... gosto das tuas palavras. Do teu tom ligeiramente abstracto, mas a virar para o real... do teu tom triste e sincero... de quem recorda o presente...
P.S.:Acordada a estas horas?
Talvez até seja boa opção.
Não se apaixonar.
Menos dor
Menos Amor
A menina devia publicar os seus textos... não é justo deixar estas maravilhas da escrita só para si...
Não, não, não...
Não concordo...
Não me cabe a mim discordar...
Apenas não...
Para mim, [aquilo que ficou], do que li aqui:
"porque amanhã é lua cheia mesmo que tu sopres para o céu."
Fico feliz por não apagares o que escreves, o que sentes, o que pensas, o que vives... Fico feliz porque, assim, podemo-nos deliciar com as tuas palavras!
Obrigada pela visita e por me dar a conhecer este maravilhoso espaço :)
Tiro-te o chapéu e, se me perdoares a ousadia, vou linkar-te :)
Beijo [que fica]
Apesar de. Acho preferivel a paixão. Mesmo que tenhamos de apanhar e colar os pedaços com. Cola de contacto. Ou salivares que teimam em mater unidas as bocas que se separam. Ainda que para sempre.
Definitivamente adoro a tua escrita.
Beijinho
Post a Comment