Crónicas de segunda de manhã

Peço desculpa pela falta de tempo, pela falta de vontade. Passada a época das festas, do orgulho da família, dos gritos pelo curso, de lágrimas e sorrisos de despedida, eis que se aproxima a época mais stressante: o limbo. E não fosse eu uma pessoa mais ou menos stressada, defeito (sim, acho que é um defeito), que ganhei desde que entrei para a faculdade, já sinto essa época na pele, com o fulgor de quem sofre por antecipação.

Não sei o que posso fazer para livrar a mente dos pensamentos que me assolam e que não me deixam pensar noutras coisas. É nestas épocas que ganho hábitos impulsivos e compulsivos, insónias e falta de vontade. Hoje mesmo fiz gazeta e vou trabalhar a partir de casa - afinal de contas para que serve a internet? - , mas quem é que se consegue concentrar com esta chuvinha boa a bater nas janelas, como que a convidar para um passeio sem guarda-chuva? Deixo-me ficar, inundada na minha própria inércia (sim, não há outro nome que lhe possa chamar) e finjo que trabalho enquanto vejo pessoas a ir para a faculdade e penso na minha colega de quarto que está a dormir um pouco depois de uma directa para estudar para um exame e penso que já não vou ter mais exames e que em breve já me posso chamar de jornalista.

Talvez isto não passe do síndrome de segunda-feira, mas está-me a parecer que isto se vai alargar pela semana toda, ou talvez pelos quinze dias que tenho (mais coisa, menos coisa) até poder trabalhar a sério, num jornal mais ou menos sério.

Até lá resta-me fazer planos... e ideias não me faltam...


"Happiness is a sad song..."