Pedaços de chocolate a derreter na língua e nos dedos, com um travo ligeiramente, apenas ligeiramente, amargo por detrás das notas adocicadas de pasta de cacau. A luz prateada da lua a espraiar-se sobre eles e a flor que ele lhe deu, presa entre o indicador e o polegar, com o espinho a perfurar dolorosamente a pele. O tempo parecia ter parado, trazendo uma doce ilusão de que podiam ali ficar para sempre. Mas não parou e depressa tiveram de terminar a meia de leite quente, bem protegida dentro do termos azul escuro que ele comprara especialmente para aquelas ocasiões: dois dedos de conversa, às vezes três ou quatro, sempre a horas incertas e inconvenientes ao sono. Se assim não fosse, não lhes saberia tão bem aqueles poucos, sempre tão poucos, minutos de descanso do resto do mundo. Se assim não fosse, eles seriam normais e normais era coisa que pelo menos um deles não era.
Combinavam tão bem com a noite, que era como se ela lhes sussurrasse aos ouvidos uma canção especial e os prendesse nas suas esquinas, sob o olhar semi-atento da lua. Sem a noite, não seriam completos, assim como não seriam completos se um deles deixasse de existir. Era incrível como o café se conjugava tão bem com o leite, dizia ele, como se estivesse a contar uma piada privada. Era incrível como duas metades formam uma unidade tão perfeita, dizia ela, referindo-se, claro, a eles e à noite. Eles sempre foram uma metade, uma metade de quase nada, mas que era tanto para cada um deles que essa metade era um mundo. O seu mundo. Pequeno e (quase) perfeito.
"Happiness is a sad song..."
Combinavam tão bem com a noite, que era como se ela lhes sussurrasse aos ouvidos uma canção especial e os prendesse nas suas esquinas, sob o olhar semi-atento da lua. Sem a noite, não seriam completos, assim como não seriam completos se um deles deixasse de existir. Era incrível como o café se conjugava tão bem com o leite, dizia ele, como se estivesse a contar uma piada privada. Era incrível como duas metades formam uma unidade tão perfeita, dizia ela, referindo-se, claro, a eles e à noite. Eles sempre foram uma metade, uma metade de quase nada, mas que era tanto para cada um deles que essa metade era um mundo. O seu mundo. Pequeno e (quase) perfeito.
"Happiness is a sad song..."
5 comments:
Há coisas mágicas... o nosso mundo é perfeito, pelo menos para mim. Somos metade, mas somos inteiros - adoro paradoxos - e nunca, mas nunca, seremos incompletos enquanto pertencermos à noite. Ela vem todos os dias =D assim como eu virei, todos os dias, sempre que eu precisar =p e pronto, sempre que tu precisares também...
beijo achocolatado*
E é tão bom fazer parte de um mundo ^^
Cada vez gosto mais de te ler! Há magia nas tuas palavras...
Beijo
Que pena que eu não gosto de café -..
Marta, há? =D bigado por me avisares =D
Raist, é mesmo pena... tens de aprender a gostar. Ainda tenho e descobrir uma forma... =p
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