Tudo começou o ano passado: um plano fácil de concretizar para os primeiros dias do novo ano, assim em jeito de resolução. No próximo ano, vou estar com aqueles de quem mais gosto. Portanto, lá fomos nós, pelos caminhos da imaginação, com uns quantos atropelos pelo meio ou não fôssemos nós quem somos: criaturas de outro planeta (ou assim o pensamos, com a convicção de que é verdade).
Como é costume, perdemo-nos pelo caminho ou o caminho perdeu-se de nós, chegámos um pouco atrasados e ficámos à espera em frente à porta fechada, com a certeza de que ela se abriria. Tivémos de ser nós a empurrá-la, claro, para entrar numa caixa escura, com uma tela já animada em frente aos assentos, o ar condicionado sem funcionar, resquícios de som de uma sala ao lado em que o filme, de certeza, era de acção; somos parecidos em muitas coisas, menos na forma de pedir as pipocas [para a próxima pedes doces, eu peço salgadas, roubo umas do teu pacote e faço a mistura perfeita], mas não consigo deixar de gostar de misturas, especialmente no escuro.
Muitas gargalhadas, alguns 'ohs' e 'ahs' de espanto: como é bom deixarmo-nos levar pela visão de outros, enquanto permanecemos enredados em estórias que não lembram ao arco da velha!; ainda que o final tenha sido feliz, custou para lá chegar, valha-nos Madre Teresa de Calcutá [private joke alert], que o homem era mais azarado do que eu [só mesmo num filme].
No final, sair para uma espécie de cidade fantasma, pedir indicações, pedaços de um poema contados debaixo da luz fraca, que desatino, o parque de estacionamento, partilhar as pipocas com o estafeta que torceu o nariz à mistura duvidosa, procurar o carro, uma corrida até lá [pronto, ganhaste], um banquinho de espera que não havia, brincar por entre os pilares e as paredes que se aproximavam demasiado depressa e seguir caminho para o resto da noite.
Embrenhámo-nos em curvas e contra-curvas de conversas quase paralelas, pedaços de rotinas, banalidades, e relatos surpreendentes, estórias de terror que não podiam faltar, ninharias que quase foram contos de fada. Só a lua, escondida, partilhou destes devaneios. E no meio de tudo isto, valerá a pena falar do mar negro e difuso, que se confundia com o céu e se desfazia perto de nós em espirais de branco contra as rochas, ou da quietude da noite avançada, ou das horas que passaram sem que déssemos conta, ou das gargalhadas, ou da melancolia, ou do mundo só nosso?
O pior de noites assim é sempre a despedida. Felizmente, Natal é quando o homem quiser e, por isso, levei comigo um bilhete muito fofinho, encabeçado por um Pai Natal e assinado por um PP que prolongou a noite pela madrugada. A melhor mensagem deste ano, recebida fora de horas, por alguém alheio ao tempo. Acreditasse eu na perfeição, isto teria sido sublime.
"Happiness is a sad song..."
Como é costume, perdemo-nos pelo caminho ou o caminho perdeu-se de nós, chegámos um pouco atrasados e ficámos à espera em frente à porta fechada, com a certeza de que ela se abriria. Tivémos de ser nós a empurrá-la, claro, para entrar numa caixa escura, com uma tela já animada em frente aos assentos, o ar condicionado sem funcionar, resquícios de som de uma sala ao lado em que o filme, de certeza, era de acção; somos parecidos em muitas coisas, menos na forma de pedir as pipocas [para a próxima pedes doces, eu peço salgadas, roubo umas do teu pacote e faço a mistura perfeita], mas não consigo deixar de gostar de misturas, especialmente no escuro.
Muitas gargalhadas, alguns 'ohs' e 'ahs' de espanto: como é bom deixarmo-nos levar pela visão de outros, enquanto permanecemos enredados em estórias que não lembram ao arco da velha!; ainda que o final tenha sido feliz, custou para lá chegar, valha-nos Madre Teresa de Calcutá [private joke alert], que o homem era mais azarado do que eu [só mesmo num filme].
No final, sair para uma espécie de cidade fantasma, pedir indicações, pedaços de um poema contados debaixo da luz fraca, que desatino, o parque de estacionamento, partilhar as pipocas com o estafeta que torceu o nariz à mistura duvidosa, procurar o carro, uma corrida até lá [pronto, ganhaste], um banquinho de espera que não havia, brincar por entre os pilares e as paredes que se aproximavam demasiado depressa e seguir caminho para o resto da noite.
Embrenhámo-nos em curvas e contra-curvas de conversas quase paralelas, pedaços de rotinas, banalidades, e relatos surpreendentes, estórias de terror que não podiam faltar, ninharias que quase foram contos de fada. Só a lua, escondida, partilhou destes devaneios. E no meio de tudo isto, valerá a pena falar do mar negro e difuso, que se confundia com o céu e se desfazia perto de nós em espirais de branco contra as rochas, ou da quietude da noite avançada, ou das horas que passaram sem que déssemos conta, ou das gargalhadas, ou da melancolia, ou do mundo só nosso?
O pior de noites assim é sempre a despedida. Felizmente, Natal é quando o homem quiser e, por isso, levei comigo um bilhete muito fofinho, encabeçado por um Pai Natal e assinado por um PP que prolongou a noite pela madrugada. A melhor mensagem deste ano, recebida fora de horas, por alguém alheio ao tempo. Acreditasse eu na perfeição, isto teria sido sublime.
"Happiness is a sad song..."
4 comments:
[i]...ou o caminho perdeu-se de nós[/i]
Excelente forma de te definir. Não há quem se perca na tua escrita, assim como quem se deixa levar por um sonho...
Comigo não vais tu ao cinema, né? Ai ai Luna! lol
Beijo*
Tá tudo estragado! O primeiro comment não é meu. Mais uma vez atrasado, não é?! Será que me fica bem como imagem de marca?
Own. Com este (texto), fiquei com água na boca.
E olha que coincidência, tiveste uma noite em tudo igual à minha. lol
Mas não foi bem assim. Falta aquela parte em que foram perseguidos (e que persiguição feroz), acabaram por bater. Mas ele saiu do carro e bateu em todos e voltaram para casa... lol
Já agora, não ficava melhor uma lua? (como fundo)
Que se repita outras e outras aventuras.
Paulo
:)
beijo
Quer queiras, quer não, já é a tua imagem de marca... enfim, faltou aquela parte também em que desmontaste a bomba mesmo quando estava prestes a explodir e depois tivemos de saltar de pára-quedas do edifício...
Será que existem coincidências? Ou realidades paralelas? Provavelmente, senão como explicamos a noite (quase) igual que tivemos?
(a lua ficam sempre melhor como fundo)
Que se repitam muitas e muitas vezes, sempre com pormenores inéditos...
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