quantos indecisos andam agora por aqui

Sunday, February 08, 2009

Penso rápido







Piazza, New York Catcher - Belle & Sebastian

A pouco e pouco liberto-me de ti, sem que te apercebas. Lentamente, claro, como tudo o que dói ou como tudo o que sabemos que vai doer. Como um penso rápido, vou-te arrancando da pele, separando a cola da epiderme, a vontade arrepiada, as lágrimas a saltar dos olhos para irem parar ao queixo. Se fosse fácil já o teria feito há mais tempo. Se soubesse que era tão difícil já o teria feito, como quem come o que gosta menos em primeiro lugar, para deixar para o fim o que de melhor há no prato. Teria retirado do coração o pedaço em que tu estás, bem enterrado. Teria queimado cartas. Teria escrito sonetos arrancados dolorosamente de dentro de mim. Teria ouvido música depressiva, só para fazer as lágrimas esgotarem mais depressa. Teria comido pacotes e pacotes de chocolates. Teria guardado todas as fotografias no fundo de uma gaveta. Teria visto dramas de domingo à tarde com uma caixa de lenços por companhia.

Saltei tudo o que fizesse de mim uma drama queen e passei para a parte boa de tudo isto. Os risos fáceis, as palavras tranquilas, as comédias, os chocolates mesmo assim [na tristeza e na alegria até que a morte nos separe], os coffee breaks, as músicas para dançar como uma louca nos raros momentos em que a casa está vazia, as festas e festinhas próprias de uma época em que tanta gente que me é querida faz anos, a inspiração que vai e vem, mas que deixa sempre uma réstea para quando se vai embora por muito tempo.

Fevereiro é o mês mais curto, mas sempre o mais intenso, sem dúvida.

"Happiness is a sad song..."

5 comments:

Anonymous said...

Essa música traz-me recordações, nenhuma delas triste ou depressiva. Fazes bem em saltar a tristeza, apesar de tudo devíamos ser sempre capazes de a saltar. E que venham os chocolates e os cafés. Isso podemos partilhar, não a tristeza, por mais que gostemos das pessoas...

beijo meu*

Anonymous said...

Post Scriptum: gostei do trocadilho do título. Genial.

m said...

quando amamos, nunca nos conseguimos libertar verdadeiramente. Ultrapassamos, sim. Continuamos a nossa vida, sim. Mas as pernas ainda tremem, os olhos ainda observam, o coração ainda sente. Temos que encarar isso. Temos mesmo que aceitar essa realidade!

Beijo grande

Sandrina said...

É incrivel como certas palavras nos servem como uma luva... ainda que, por razões diferentes... :)

Sandra said...

ainda bem Luna que estás a consegui-lo :D vais ver que no fim, apesar de te estar a custar imenso agora, sim porque não é fácil, vais ver que no fim valeu tudo a pena. O sofrimento, tudo..
Tu consegues!

Beijinhoosss