do passado...

I melt with you - Nouvelle Vague

Voltaste. Como acabas sempre por voltar. Quando menos espero, tenho-te ao meu lado de novo e de novo. Como se o tempo em que estivemos separados não existisse. Como se eu nunca tivesse estado sem ti. Como se a minha vida tivesse parado enquanto estavas ausente. E não é que esteve? Isso é um pormenor que tu não sabes, claro. O que eu sei é que estás aqui sempre que mais ninguém está. E que não tenho de te pedinchar atenção ou tempo ou respeito ou qualquer outra coisa que estamos habituadas/os a pedinchar por ser tão pouco óbvio para os outras/os.

Pensei que a minha noite estivesse estragada, mas num repente, como se tivesses sentido que a distância não tinha razão de ser ou que eu precisava de companhia, apareceste, como que vindo do nada. Mais depressa do que um sopro, descobriste os meus segredos sem que eu tivesse de os contar e quebraste as fronteiras que eu mesma tinha imposto. Usamos as meias palavras, os meios sentidos, os meios sonhos, porque tudo connosco é pela metade. E sabe tão melhor assim.

Sei com o que contar. Sei aquilo que não preciso de dizer e aquilo que se não disser vai ficar acumulado para uma próxima vez. Porque há sempre uma próxima vez, mesmo que eu não esteja à espera. Sei-te quase de cor e tu conheces-me como a palma da mão. Mesmo que não saibas o que eu não conto, sabes que não vale de nada pedires que desabafe e que vale de pouco que eu te enumere os pensamentos como uma lista de supermercado. Sabemos o suficiente um sobre o outro.

Acima de tudo, sei que não posso esperar por ti, porque só regressas quando eu mais preciso, que é quando não sei que preciso. Isso basta-me.

Fico à espera que não te esqueças de voltar. Porque fazes-me falta.

P.S.: Não, a escolha da música não foi inocente.

"Happiness is a sad song..."