Dias...

Há dias que amanhecem cheios de possibilidades. Quando o calor espreita por entre os estores e se ouvem os passarinhos chilrear. Também há manhãs assim em dias invernosos. Mas as possibilidades parecem mais cativantes em dias de sol.

Levantei-me mais cedo do que o normal e saí logo. Adoro o cheiro do pão fresco das padarias e o reboliço que se começa a formar, o aroma do café por todo o lado e as páginas quentes do jornal debaixo do braço. Preparei mentalmente uma lista de tarefas. Um capítulo por terminar [voltei às escritas apesar da desinspiração], uma amiga para encontrar, uma pilha de roupa à espera de ser engomada, o quarto virado do avesso. Essas coisas.

Ao chegar a casa pus a música bem alto e resisti ao frasco de café instantâneo. Rendi-me às saquetas de chá em forma de pirâmide, que ficam a boiar na chávena de estimação, aquela com gatinhos azuis. Li o jornal, do fim para o início como já é hábito, ignorei os ruídos desnecessários provocados pelo mano e fiquei a olhar para o ar, a pensar por onde começar o resto do dia.

Nisto, um telefonema. Os papis decidiram tirar a tarde para fazer não sei o quê e precisam de mim também não sei para quê. Lá se vai o sossego. Lá se vão as possibilidades. Não sei como é que passaram três anos sem mim [foram sofridos, disse a mami...agora acredito].

"Happiness is a sad song..."