às vezes sou lamechas, quando assim tem de ser

Na verdade, não tenho mais palavras para gastar, hoje, porque as usei todas no silêncio, enquanto lia as tuas linhas. Mas quando não estou inspirada, basta-me folhear o coração, que é onde tu estás, e ele traz-me à memória lembranças que são pequenos presentes que ocorreram num passado que nunca esqueci. E contigo é tudo hoje ou amanhã, porque é hoje que eu gosto de ti mais do que ontem e é amanhã que vou gostar um bocadinho mais.

Estas coisas soam um pouco a lamechas, que é coisa que me vanglorio de não ser - e é essa a única mentira que sei contar sem estremecer -, mas assim são estas coisas e mais vale não lhes contrariar a natureza.

Quando penso em ti, lembro-me dos sítios especiais e das músicas que insistem em passar no rádio, como se soubessem de cor o que pensamos ou pelo menos o que eu penso, lembro-me daquilo que as palavras não conseguem expressar, que são as faúlhas do que sinto a pairar no ar por cima de nós. O termo ideal seria entrelinhas, coisa que tendemos a subjugar quando não nos damos conta de que elas são a representação de coisas mais importantes do que aquilo que está a vista, especialmente o que permanece nas intermitências do silêncio, porque é aí que fica o que não se consegue dizer e o indefinido é mais bem sublime, por se basear nos sentidos e nos sentimentos.

Eu sei que me perco em devaneios quando estou a falar de coisas importantes e que os pensamentos enrodilham-se neles próprios e cedem a outros, mas é isso mesmo que acontece quando penso em ti, porque já são muitos os momentos - mas sempre insuficientes - e são muitas as saudades e é muito o quanto gosto de ti.

Pronto, acho que com isto já disse o mais importante.

"Happiness is a sad song..."