Estas linhas não precisam de um título

Tenho este estranho e péssimo hábito de guardar para mim tudo o que seja desprovido de felicidade, por mais ínfima que possa ser a possibilidade da sua existência, e de deixar implodir, até se transformar em poeira, pensamentos que, quem apenas conhece o meu lado mais solar, não desconfia que tenho. Não se trata de recorrer à dissimulação para fazer crer o mundo de que tudo está bem, nem de não ter em quem confiar para descarregar o peso do desmazelo, nem tão pouco de não acreditar na ajuda que me vão oferecendo aqueles de sensibilidade mais aguçada que, às vezes sem eu saber como ou às vezes sem eu tentar esconder seja o que for, denotam que há alguma peça fora do lugar.

Há qualquer coisa que me impede o desabafo verbalizado em detrimento do escrito e há qualquer coisa que censura o escrito, para não deixar escapar os explosivos e toda essa parafernália tecnológica que seria necessária para demolir esse edifício de proporções consideráveis que é o mau acontecimento, a má notícia ou qualquer outra coisa que escape negativamente à normalidade - ando muito dada a metáforas.

O que eu quero dizer a esses seres de sensibilidade aguçada, que hoje não necessitaram de recorrer a essa capacidade uma vez que a minha neura foi bastante visível, é que não é necessária mais preocupação do que aquela que me assola: quase nenhuma, porque tenho a certeza de que, e agora vou recorrer a uma frase feita, o sol volta sempre a aparecer depois de uma tarde de chuva ou, por palavras mesmo minhas, amanhã até as flores vão parecer mais coloridas.

Hoje, ou ontem, conforme encararmos o fuso horário, foi só mau dia. Acontece.

"Happiness is a sad song..."