nem sei o que isto é, talvez seja uma crítica ou assim

para além de não saber que título dar a este post, também não sei o que me passou pela cabeça para ler este livro. estava indecisa, pois claro, e a pilha de livros em cima da mesa não fazia mais se não confundir-me ainda mais. no entanto, lembrei-me da colecção da revista Sábado, cujos livros custaram um euro e meio cada um e peguei no que era menos calhamaço, porque o último livro que tinha lido - de António Lobo Antunes - tinha sido pesado de ler, custoso e demorado. adorei-o, não haja sombra de dúvidas. mas desta vez queria algo mais suave, mais leve e também, confesso, mais romântico.

pois que o livro em que peguei se chama Tim e é da escritora australiana Colleen Mcullough [tenho sempre uma enorme dificuldade em escrever o nome dela]. tenho por hábito não acreditar nas sinopses que vêm na contracapa dos livros e ainda bem que o faço, pois já me poupou muitas agonias e já me incitou a ler muitos livros que depois adorei. são sempre demasiado minimalistas, o que acaba por ser lógico, mas diminuem sempre a qualidade da estória a uns quantos adjectivos gerais para cada uma das personagens principais quando, na verdade, me apego mais às secundárias, que estão lá no fundo do enredo, mas que dão vida à coisa. quem gosta de estórias - escritas e não escritas - percebe-me.

voltando ao livro, posso dizer que fiquei de pé atrás. reduzindo a sinopse em termos coloquiais: a estória de um rapaz lindíssimo mas atrasadinho e de uma velhota solteirona que se tornam amigos deixou-me desconfiada de que isto não passava de um romance de cordel para a meia-idade. claro está que me enganei. a Sábado não ia juntar à sua coleccção um livro medíocre. li-o rápido, tendo em conta a azáfama diária que tenho vivido, e fiquei encantada.

sem ser em termos coloquiais: um rapaz cuja beleza é comparada a de deuses gregos, mas com dificuldades mentais que o tornavam um rapazinho de seis ou sete anos num corpo escultural de 25. uma senhora madura, contentada com a vida de secretária-chefe, detentora de uma grande fortuna que obteve através dos seus esforços e investimentos, de um Bentley, de uma casa de praia, e cujos maiores prazeres na vida eram os seus livros, os seus cd's e pouco mais. uma amizade que foi crescendo entre os dois quando ela o resolve contratar para jardineiro. e o final mais lógico nisto tudo: o amor incontestável e até mesmo doentiamente querido entre os dois.

fui logo googlar sobre a escritora e eis que encontro o cartaz de um filme de 1979 baseado no livro e com o Mel Gibson e a Piper Laurie nos principais papéis. mesmo quando era novo, Mel Gibson não se compara à beleza descrita no livro e nunca, a meu ver, poderia ser equiparado à perfeição grega característica de Tim. e a Piper Laurie parece-me mais delicada e subtil na sua maturidade do que o livro me fez entrever. imaginei mais rugas, menos beleza e mais inteligência expressa no olhar. não vou fazer esforço nenhum para ver o filme, mas se um dia passar na televisão vou vê-lo, só para tirar a teima.

agora quando for a uma livraria vou procurar Pássaros Feridos, de que já ouvi falar imenso [foi inclusive adaptado para mini-série na década de 80] e que bateu vários recordes no top dos bestsellers. uma nota que talvez seja importante referir: Colleen Mcullough  é uma das 100 pessoas consideradas Tesouros Nacionais Vivos da Austrália. ou talvez não seja importante de todo, mas apeteceu-me.

"happiness is a sad song..."