posso não ter muita experiência de vida nem saber muita coisa nem ter atingido metade dos meus objectivos - já para não falar que a maior parte deles ainda nem estão traçados -, mas uma coisa tenho aprendido: quanto mais se dá, mais as pessoas querem. pelo menos comigo, tem sido sempre assim e penso que qualquer jovem da minha idade na sociedade de hoje sente isto. entramos para uma empresa e temos de saber de tudo um pouco. em jornalismo isso é mais ou menos como entrevistar pessoas, tirar fotos, tratar a informação, muitas vezes paginar, divulgar - a internet só nos veio dar mais trabalho, bem vistas as coisas - e, nos entretantos, ser tudo o que for preciso, tipo relações públicas, secretário e empregado de limpeza.
uma das batalhas mais duras é encontrar. primeiro chafurdar e chafurdar até encontrar um trabalho - já nem digo emprego - mais ou menos decente. outra das batalhas é manter - quando encontramos vimo-nos na obrigação de trabalhar de sol a sol e fazer tudo o que for preciso. se assim não for, há sempre mais pessoas à procura de fazer o mesmo por menos do que nós - já não sei se isto é verdade ou paranóia minha. e é isto que acontece: dão-nos a mão, nós aceitamos. e depois pedem-nos o braço e nós aceitamos dá-lo.
sou muito de dramatizar, mas não estou muito longe da verdade. os jovens de hoje em dia chegam às empresas e são capazes de fazer o trabalho de, pelo menos, mais duas das pessoas que lá estão. não nascemos ensinados mas tirámos cursos onde nos explicaram como fazer tudo e mais alguma coisa. muitas vezes somos nós que, depois de entrar no mercado de trabalho, ensinamos outros métodos e outras formas de ver as coisas às pessoas que estão no ramo há muito mais anos do que aqueles que nos levaram a tirar o curso. são estes os jovens de agora. têm as ferramentas necessárias para uma melhor produção, para a modernização e para a evolução. oportunidades não há muitas e é claro que quando as encontram vêem-se obrigados a dar o litro. é assim que tem que ser.
não é justo, claro que não. para muitos de nós - não estou a falar propriamente de mim porque por enquanto tenho tido sorte - a vida própria, já para não falar da vida social, passam a ser uma utopia e respira-se trabalho (eu cá até sonho com isso).
o problema, pelo menos do que vejo, é haver também quem tenha a sorte de encontrar trabalho e não a aproveite. é mais ou menos isto: a quem trabalha é exigido mais, a quem trabalha menos ou mesmo nada é dado um tratamento de "coitadinho". sim, porque o que imperam hoje em dia são as doenças da cabeça, aquelas de que há anos muitos se referiam como doenças dos "meninos ricos", e hoje elas proliferam e estão banalizadas. sim, falo das depressões e de outras patologias da mente. quem as tem ou pensa ter não só não precisa de dar o braço, como ainda recebe palmadinhas nas costas. é que há sempre quem trabalhe para suportar o peso de quem não o faz.
isto é apenas um resumo muito resumidinho daquilo que eu vejo e daquilo que sinto. no entanto não me queixo - é que para além de ter tido sorte, sou também uma workaholic.
"happiness is a sad song..."
3 comments:
Conserva-te assim, sã.
:)
quando comecei a trabalhar aprendi que muitas vezes no mundo dos "trabalhadores" a ignorância é premiada... fiquei com uma gastrite nervosa! -.-
Já tinha saudades de te visitar :)
_baci_
estou neste preciso momento da vida em briga judicial com os meus patroes, que ao fim de 8 anos me querem despedir por eu nao fazer tudo o que me dizem e cada vez mais, e mais, e mais, e mais... vamos la ver no que isto vai dar. deseja-me muita sorte!
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