se me pedissem, não saberia explicar o meu gosto por ruínas. são pequenos tesouros, todas elas, por mais resquícios que sejam. estava a organizar documentos antigos e fui encontrar estas. de 13 de março. no Cabo Espichel. todas as imagens estão cruas, tal como o que elas representam.
a receita ideal: acompanhar este digestivo com a seguinte música...
ruínas da Casa da Ópera, edificada em 1770. aqui, outrora, actuaram artistas de conceituados grupos de teatro da Europa, especialmente de Itália. foi muito utilizada para espectáculos promovidos pela família real. a sua estrutura permitia a acomodação dos artistas porquanto durasse o seu trabalho de animação cultural a romeiros e festeiros da localidade:
tão próximo do penhasco, presumo que fosse uma simples albergaria, a casa de um pescador, a casa de uma viúva abandonada à sua sorte por alguma tempestade que tivesse levado o seu companheiro, um armazém onde se salgava o pescado, uma loja, uma capela. gostava de ter vivido aqui, com vista para o horizonte e para as gaivotas:
outrora nestas ruínas houve vida. pessoas, animais, comércio, festas e peregrinos. na época em que ainda se acreditava em alguma coisa:
e enquanto dura a música pensemos em como somos todos ruínas de algo, mas que albergamos a capacidade de nos reconstruírmos. é essa a beleza trágica dos despojos. são belos, só por si, mas possuem também uma perfeição grosseira por representarem reínicios.
"happiness is a sad song..."
7 comments:
A minha historiadora preferida. Tinha saudades de um post assim. A beleza crua das imagens, a beleza pura das palavras, a nostalgia da música.
Beijo meu*
ena que foi rápido.
então eras tu que estavas por aqui =)
muito me agradam tais palavras de lisonja, mas creio que estais equivocado.
beijinho*
http://www.photoblog.com/lampadamervelha/2008/06/06/sepulcrus.html
http://www.photoblog.com/lampadamervelha/2008/04/08/past.html
:)
Também adoro ruínas. Se me perguntassem, assim à queima-roupa o porquê, diria que é porque me incendeiam a imaginação! À semelhança, aliás, do que acontece consigo, pelo que li. Adorei o comentário final, de facto «somos todos ruínas de algo com a capacidade de nos reconstruirmos». Sublime !
Gustavo, porquê o você?
consigo não. contigo.
obrigado pelo comentário e pela visita =)
Abaixo o "você", o "lhe" e o "consigo", daqui em diante apenas "tu", te" e "contigo"! :)
=)
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