os domingos eram dias de cama. dormir na cama, olhar pela janela na cama, pensar na semana seguinte na cama, ler na cama e até comer na cama, uma vez que os lençóis seriam lavados ainda nesse dia ou no dia seguinte. na verdade, os domingos eram dias muito parecidos uns com os outros. até que houve um domingo, pequeno-almoço tomado, televisão sem som, dia nublado lá fora, mãos dadas, que principiou assim:
Lolita, light of my life, fire of my loins. My sin, my soul. Lo-lee-ta: the tip of the tongue taking a trip of three steps down the palate to tap, at three, on the teeth. Lo. Lee. Ta.
She was Lo, plain Lo, in the morning, standing four feet ten in one sock. She was Lola in slacks. She was Dolly at school. She was Dolores on the dotted line. But in my arms she was always Lolita.
She was Lo, plain Lo, in the morning, standing four feet ten in one sock. She was Lola in slacks. She was Dolly at school. She was Dolores on the dotted line. But in my arms she was always Lolita.
ela ficou presa no sublime que eram aquelas palavras ditas em voz alta, no enlace, no romance, na prosa escorreita, no amor estranho. ele deixou-se ficar na aliteração. the tip of the tongue making a trip of three steps... - não difere muito de luna. mas é apenas uma viagem de dois passos. lu-na. só que é uma viagem menos agressiva, porque a língua deixa-se ficar atrás dos dentes. - disse ele. - eu sei, luna é um heterónimo pacífico. - respondeu ela, continuando a ler.
permaneceu presa naquele enredo catastrófico e guardou o livro num lugar especial da estante. ele continuou à procura de aliterações naquelas palavras. ela entretanto encontrou outras palavras para se prender, alguns anos depois. as de um manuscrito que Vladimir Nabokov deixou, manuscrito esse que, por milagre, não foi destruído.
"happiness is a sad song..."
4 comments:
As melhores histórias de amor têm que ter sempre muita intriga e um toque do fruto proibido. Nesta esse toque é a idade. Ainda assim não deixa de ser uma história de amor. Não que eu saiba, só vi o filme com o Jeremy Irons. Nesse o papel de Lolita foi recusado pela Natalie Portman. Ainda sonho com ela a fazer de Lolita com aqueles óculos em forma de coração...
Beijo meu*
um bocadinho obcecado, não? antes prefiro-a no Closer, com a peruca rosa. Ficaria bem com esses óculos também.
aconselho-te a ler o livro.
=)
Não gosto muito de aliterações. Fazem eco no cérebro...
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