Um miau de insatisfação

Estou chateada, aborrecida, irritada.
Estou cansada de tantas coisas que me parece que estou cansada de tudo. Mas hoje, estou particularmente... bom, a palavra é mesmo f*dida, é um termo feio, mas é a verdade.
Vinha eu e a Su, mais tarde do que é habitual porque o ensaio demorou mais (por causa do espectáculo de coros de domingo) e eu reparo num gatinho encostado a um muro. Ele arrastou-se e olhou para nós, assustado e eu aproximei-me. Como ele não fugiu, achei estranho. Então ele começou a miar muito alto, como se estivesse a chorar. Tudo indicava que estava ferido, de uma das patas traseiras e quem sabe algo mais, tipo uma hemorragia interna (porque não havia sangue à vista).
Pronto, passado um bocado eu pedi à Su para ir buscar uma amiga nossa que está em medicina veterinária, porque me estava a fazer aflição ver o gato ali a sofrer, enquanto eu ficava ali para ter a certeza de que ninguém fazia mal ao gatinho. Quando ela se foi embora vi que estava uma senhora à porta de uma casa que lhe fez umas perguntas. Ela respondo, mas eu digo-lhe para ela se despachar.
Quando a Su já tinha desaparecido de vista aproxima-se um homem.



Pensei "pronto, está tudo estragado, vai-me roubar, violar, assassinar, raptar..." (não necessariamente por esta ordem). Mas quando ele disse boa noite e eu vi os seus olhos percebi que só podia ser um bom homem.
Emtão ele começou a fazer uns movimentos circulares com a mão e a dizer umas coisas estranhas. O gato começou a miar mais baixinho e deitou-se.
Ele explica-lhe que estava a aplicar um filtro de aura azul, para lhe tirar as dores. Eu só podia acreditar, porque estava na cara que estava a fazer efeito no gatito. Podia ser coincidência, mas o meu estado de saúde mental fez com que eu acreditasse no mais fantástico.
A senhora que tinha estado a falar com a Su vem ter também connosco... devia ser a mulher do senhor das artes espirituais...
Entretanto, lá veio a Su com más notícias. A tal rapariga já tinha ido dormir.
Ficámos um bom pedaço de tempo a fazer festas ao gato... mas a senhora resolveu ir telefonar à Sociedade Protectora dos Animais. Mas acaba por voltar com más notícias. E foram as notícias que me deixaram mesmo irritada.
Bom, a sociedade fecha às 8 horas da noite e a partir dessa hora tem de se comunicar a situação ao canil municipal para irem buscar o animal ferido. Mas... se ninguém o for reclamar abatem-no. "Claro", disse o homem. Abatem-no. Claro?!?!?

Dizem-se eles Sociedade Protectora dos Animais? Bom, não vou escrever mais porque estou demasiado indignada. Felizmente para o bichano o casal levou-o para casa e tenho a certeza de que lá ele fica bem... valha-nos isso...

"Happiness is a sad song..."