E então jantar. Sozinha, era a minha perspectiva. Mas eis que se faz companhia aquela voz quase irritante, mas que naquela noite se fazia macia apenas porque queria conselho. Não o nego a ninguém, mesmo a quem não gosto ou faço por não gostar. Temos características em comum. E depois? A voz de quase barítono sussurra imperceptibilidades insustentáveis à minha alma fragilizada pelas circunstâncias [da chuva e do nevoeiro, das lágrimas e da dor]. Faz por se sentir útil, mas não preciso. Não preciso! Televisão num volume próximo do máximo. É Inverno e está a chover, mas não oiço a chuva bater nas janelas. Podia ser Outono outra vez. Fazem-me falta as folhas no passeio, secas e de sons crepitantes. Agora jazem molhadas e mortiças pelos passeios. Fazem ruídos quase surdos de superfície molhada pisada por solas inquietas e apressadas. Todos os dias, todos os dias. Não sentir o pensamento encadeado apenas porque se perde em pormenores desmotivantes, de raciocínios que me deixam em êxtase incrédulo. Quero ser livre, livre dos pensamentos.
Não percebes o que quero dizer, mas acenas em concordância. Não queria que concordasses, nem que percebesses sequer. Ouvir, também não. Não quero. Prefiro que te vás embora para não me habituar à tua ajuda. Sem ela sinto-me desprotegida, claro, mas muito melhor. E continua a tua voz de barítono que deixas chegar a um tom tão baixo que quase tenho de ler nos teus lábios as incongruências da tua lógica pseudo-racional.
Podia ser que sim, que a chuva batesse nos vidros e amordaçasse o desejo de ir dançar e sentir as gotas na pele quente. Não quero parecer ingénua, mas livrar-me das mágoas apenas exige sacrifício interior. Posso dançar à chuva enquanto me sinto triste. Nos batimentos, nas pulsações, nos assobios desengonçados de quem tenta trautear uma música com a ponta dos lábios. E insónias são inúteis, fazem-me pensar. E isso é a última coisa de que preciso. Devanear por aí é melhor, mas se for em conversas. Ouvir as folhas dos passeios é no que penso quando oiço a tua voz. Não quero parecer brusca, mas já disseste tudo o que querias? Se estou ocupada? Sim, quero escutar o meu coração. E imitar a melodia que sai dele. Para depois me esquecer e ficar com a sensação de vazio. Quando sinto o vazio é porque há mais espaço para preencher. Uma pessoa foi apagada? Não, mais espaço surgiu do vácuo sentimental. Não sei como nem porquê.
O silêncio surge do nada e parece que o ar se tornou mais doce e puro. A televisão foi apagada e a chuva parou. Também se calou o meu coração com o toque da tua alma. Por momentos fui o que já tinha sido, por momentos quis ser o que nunca fui. Nunca fui condescendente. Queria ser, mas não consegui. Tolerei ou abandonei, disfarcei em sorrisos forçados ou desfiz em expressões sem sentimento. Por mais que sentisse o teu coração nas minhas mãos, elas apenas queriam um pedacinho da tua alma. Não compreendes o que quero dizer. É que não é disso que queres falar, pois não?
Fico sem resposta, mas do teu bolso sai uma folha. Daquelas castanhas. Que costumam cair no Outono. Ainda por amachucar [a folha e a minha alma renovada].
"Happiness is a sad song..."
Não percebes o que quero dizer, mas acenas em concordância. Não queria que concordasses, nem que percebesses sequer. Ouvir, também não. Não quero. Prefiro que te vás embora para não me habituar à tua ajuda. Sem ela sinto-me desprotegida, claro, mas muito melhor. E continua a tua voz de barítono que deixas chegar a um tom tão baixo que quase tenho de ler nos teus lábios as incongruências da tua lógica pseudo-racional.
Podia ser que sim, que a chuva batesse nos vidros e amordaçasse o desejo de ir dançar e sentir as gotas na pele quente. Não quero parecer ingénua, mas livrar-me das mágoas apenas exige sacrifício interior. Posso dançar à chuva enquanto me sinto triste. Nos batimentos, nas pulsações, nos assobios desengonçados de quem tenta trautear uma música com a ponta dos lábios. E insónias são inúteis, fazem-me pensar. E isso é a última coisa de que preciso. Devanear por aí é melhor, mas se for em conversas. Ouvir as folhas dos passeios é no que penso quando oiço a tua voz. Não quero parecer brusca, mas já disseste tudo o que querias? Se estou ocupada? Sim, quero escutar o meu coração. E imitar a melodia que sai dele. Para depois me esquecer e ficar com a sensação de vazio. Quando sinto o vazio é porque há mais espaço para preencher. Uma pessoa foi apagada? Não, mais espaço surgiu do vácuo sentimental. Não sei como nem porquê.
O silêncio surge do nada e parece que o ar se tornou mais doce e puro. A televisão foi apagada e a chuva parou. Também se calou o meu coração com o toque da tua alma. Por momentos fui o que já tinha sido, por momentos quis ser o que nunca fui. Nunca fui condescendente. Queria ser, mas não consegui. Tolerei ou abandonei, disfarcei em sorrisos forçados ou desfiz em expressões sem sentimento. Por mais que sentisse o teu coração nas minhas mãos, elas apenas queriam um pedacinho da tua alma. Não compreendes o que quero dizer. É que não é disso que queres falar, pois não?
Fico sem resposta, mas do teu bolso sai uma folha. Daquelas castanhas. Que costumam cair no Outono. Ainda por amachucar [a folha e a minha alma renovada].
"Happiness is a sad song..."
11 comments:
e é maravilhoso e mais do que delicioso sentir-te na minha alma. ver como a tua escrita melhora, quando me parece que não é possível melhorar.
Feliz Natal. Deixo uma folha de outono na tua caixa de correio.
Olá
Em primeiro, quero-te agradecer pelos teus escritos tão doces e profundos.
Adorei este escrito, é lindo, forte, mas ao mesmo tempo sonorizado por uma melodia interna de sensibilidade.como mais uma vez te entendo,
deixa que a chuva bata na vidraça do teu «ser», da tua alma e te encante em melodias de paz , prazer e doçura.
escuta sim , teu coração e deixa te embalar pelas suas notas ,que entoam baladas de serenidade.
também no silêncio encontramos a saída e a resposta...
o silêncio é um estado de alma...muito forte, e
quando dois seres até no sil~encio conseguem comunicar se tornam cúmplices de loucuras e desejos infindáveis.
gostei imenso..obrigado
já agora obrigado por me teres dado o prazer de poder adicionar-te ao meu pasquim
bj
Já ontem te li e não consegui comentar. belíssimo o teu texto . Um misto de leveza e profundidade. Gostei do tempo que aqui passei.
Um beijinho e já agora votos de Boas festas para ti e para os que te são queridos.
Oi linda !!!
Passei deixando cair uma chama de amor lá da minha lua que me recomendou para te desejar um belo e feliz Natal
Beijinho prateado com carinho
SOL
UAU! Amei. De verdade. Muito sentimento que anda por aí.
Um grande beijinho
e Bom Natal!
:D
Nem que seja apenas um pretexto... Mas, faz-te um pequeno favor, usa o NATAL para fazer alguém FELIZ. Acredita que HOJE há alguém que sentirá de Especial forma o teu gesto, a tua palavra, o teu olhar... Natal também é olhar para o outro e não apenas para as montras...
FELIZ NATAL para TI, para os TEUS e para aquele a quem hoje também estenderás a tua ATENÇÃO...
Então, que a chuva nunca páre de cair no teu mundo, para que possas dançar nela sempre que a tristeza te bater na vidraça.
Não penses. Devaneia somente em palavras soltas que nos prendem o olhar.
Continua a escutar o coração e a imitar a melodia. Alcança-lhe o ritmo e apanha o toque da alma que queres.
Gostei muito. Como sempre*
Não há nada mais bonito do que ouvir a sinfonia do coração...
________________
Mais um ano está a acabar
E venho aqui para te desejar,
Com um largo sorriso afoito,
Um grandioso e feliz 2008!
Boas entradas, boas saídas e um excelente prato principal!
Beijos
Minha lua desceu
Veio visitar seu povo
Ela veio desejar-te
Um Feliz ANO-NOVO!!!
A ti ela deseja
Saúde, paz e amor
Ao mundo...
Que cesse a dor!...
Beijinho prateado com carinho
SOL
FELIZ ANO NOVO!!!
Beijinho ;)
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