Podia ser que parasse. O coração, a alma. Mas só os seus membros ficaram estáticos enquanto a via atravessar a rua. Aquele momento cinematográfico de que se fala, o congelar de movimentos e sensações, a rua desfocada, com tudo parado. E o pingo de chuva que ia cair a ficar suspenso, e o semáforo perder a cor por não ter tido tempo de chegar ao vermelho, e a sua própria respiração condensada à sua frente, como uma máscara ainda por colocar. Até as cores eram as de um filme hollywoodesco, daqueles em que no fim tudo corre bem, todos ficam felizes e não há continuação possível porque a perfeição é mesmo isso, a felicidade. Será?
Se pudesse tornaria aquele momento eterno. Isso sim seria felicidade, isso sim seria a perfeição. O roçagar dos cabelos na gola de seda e o dedo a afastar a madeixa dos olhos. Os olhos curiosos, sagazes, quase demasiado mágicos para serem verdadeiros [mesmo no seu tom de castanho tão banal] atentos aos carros que passavam e a olharem para cima, para a gota de chuva que entretanto caiu e ficou parada no ar.
E tudo parado como se ele pudesse decidir quando iniciar tudo aquilo. Poderia ficar ali o dia inteiro, a vida inteira. Naquele momento. A saia ligeiramente torta e um dos botões do casaco desabotoado. A face rosada devido ao frio e o pescoço arrepiado. O ansiar pelo toque. Sim, ele gostava de lhe poder ler os pensamentos, ele gostava de lhe poder ensinar os seus pensamentos.
Antes que ele se pudesse ter apercebido da efemeridade daquele pequena eternidade, já a rapariga tinha abotoado o último botão do casaco e estava prestes a abrir o guarda-chuva. Afinal não estava tudo nas suas mãos [pelo menos não era aquela a ampulheta que ele controlava]. Perscrutou-a, como quem tenta descortinar uma estrela no céu nublado. Tinha um sinal perto do olho direito e a boca rosada e macia, de certeza. Os dentes adivinhava-os perfeitos, alinhados e brancos como marfim reluzente. Não usava brincos, mas devia ter os furos. Era alta, mas demasiado magra. Usava os sapatos errados para aquele tempo chuvoso. Usava a roupa errada para aquele momento.
A sua expressão causava-lhe a estranha sensação de que ia começar a rir a qualquer instante. Em que estaria ela pensar?, indagou-se. Os seus cabelos compridos afastaram-se-lhe da cara devido ao vento.
Perfeito.
O momento perfeito.
A felicidade [eterna naquele momento].
[e aí ele tirou a tão ansiada fotografia]
"Happiness is a sad song..."
Se pudesse tornaria aquele momento eterno. Isso sim seria felicidade, isso sim seria a perfeição. O roçagar dos cabelos na gola de seda e o dedo a afastar a madeixa dos olhos. Os olhos curiosos, sagazes, quase demasiado mágicos para serem verdadeiros [mesmo no seu tom de castanho tão banal] atentos aos carros que passavam e a olharem para cima, para a gota de chuva que entretanto caiu e ficou parada no ar.
E tudo parado como se ele pudesse decidir quando iniciar tudo aquilo. Poderia ficar ali o dia inteiro, a vida inteira. Naquele momento. A saia ligeiramente torta e um dos botões do casaco desabotoado. A face rosada devido ao frio e o pescoço arrepiado. O ansiar pelo toque. Sim, ele gostava de lhe poder ler os pensamentos, ele gostava de lhe poder ensinar os seus pensamentos.
Antes que ele se pudesse ter apercebido da efemeridade daquele pequena eternidade, já a rapariga tinha abotoado o último botão do casaco e estava prestes a abrir o guarda-chuva. Afinal não estava tudo nas suas mãos [pelo menos não era aquela a ampulheta que ele controlava]. Perscrutou-a, como quem tenta descortinar uma estrela no céu nublado. Tinha um sinal perto do olho direito e a boca rosada e macia, de certeza. Os dentes adivinhava-os perfeitos, alinhados e brancos como marfim reluzente. Não usava brincos, mas devia ter os furos. Era alta, mas demasiado magra. Usava os sapatos errados para aquele tempo chuvoso. Usava a roupa errada para aquele momento.
A sua expressão causava-lhe a estranha sensação de que ia começar a rir a qualquer instante. Em que estaria ela pensar?, indagou-se. Os seus cabelos compridos afastaram-se-lhe da cara devido ao vento.
Perfeito.
O momento perfeito.
A felicidade [eterna naquele momento].
[e aí ele tirou a tão ansiada fotografia]
"Happiness is a sad song..."
12 comments:
Dizes tu que andas a ficar sem inspiração???
Perfeito.
O texto perfeito.
A felicidade [eterna naquele momento].
[e aí ele fez o tão ansiado comentário]
Perfeito. O momento perfeito (depois de um longo dia) para ler o texto perfeito acompanhado da música perfeita...és um geniozinho ^^
Se a insistência é proporcional à qualidade dos teus escritos... acho que vais passar a sofrer um bom bocado Luninha...
Este texto recorda-me algo... mas melhorado^^ sempre pensei que o fosses guardar na gaveta das lembranças... afinal puseste-o no bloco de notas aberto ao público...
Fizeste bem...
Onde foste buscar essa música? miúda, ouves o mesmo que o meu avô xD
HEREGE!
Diabo assombrado que vieste das profundezas para tentar estas pobre criaturas intelectualmente indfesas!
Deixai-nos permanecer no escuro da ignorância! Mantem ao longo a chamda do conhecimento!
Vai! VAI!
Amiga...passando para te ler!
Bjos doces
Amiga...passando para te ler!
Bjos doces
Wow tinhas mesmo razão quando hoje me disseste que eu iria identificar-me com este texto...
Não sei bem dizer porquê, mas também não sei justificar o contrário.
Fico sem palavras. E quando algo me deixa sem palavras é porque realmente gostei.
Posso sonhar neste texto?
És um génio e eu adoro-te!
Beijo do tamanho do mundo*
wiwi
(btw great music!)
É um verdadeiro prazer ler-te. Agradeço aos deuses ser-me permitido ter descoberto este espaço...
Beijo
Perfeito, Perfeito...
É este maravilhoso texto
Repleto de magia,
Traz-me um pouco de nostalgia...
Beijo
obrigada pelas palavras:)
eu gostei muito deste cantinho. do uso das palavras. do conteúdo. gostei sim:)
irei voltar*
Muito obrigada pelo comentário. Parabéns pelo texto (não digo quanto ao blog porque ainda não dei uma olhadela, mas de certo também estará fantástico ;))
Obrigada e volta sempre ao apontamentos :)
beijinhos
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