Geração dos «mil euros» na Europa e dos «quinhentos euros» em Portugal. Também nos chamam de "Geração de Frustrados". Na verdade somos tudo isso. No fundo, os nossos pais dão-nos tudo o que eles próprios não tiveram e no fim, nós temos menos do que eles. Será que é por isso que andamos frustrados?
No fundo andamos por aqui a adiar a vida enquanto não temos emprego, porque pouco ou nada se faz sem dinheiro nestes dias. Talvez sejamos demasiado ambiciosos. Sim, a maior parte de nós frequenta um curso superior só para aquecer. Ah não, aquecer só depois, na caixa de um supermercado ou a limpar balcões. Ironias à parte, é mesmo muito frustrante e parece que a frustração é contagiosa. Obviamente não é fácil para nós, estudantes, vermos todos os que saem queixarem-se e depois ver todas aquelas reportagens e documentários sobre a pobreza em Portugal e sobre o futuro dos jovens.
Basicamente o que acontece: estudamos e pelo meio pagamos propinas (e questionamo-nos sobre o que fazem com tanto dinheiro), depois fazemos um estágio, na maior parte das vezes não remunerado (como eu, que praticamente estou a pagar para trabalhar, visto que ainda pago propinas), depois saímos e procuramos emprego. E depois procuramos emprego para o resto da vida. E entretanto vivemos em casa dos pais, não casamos, não temos filhos, não saímos, só trabalhamos, estamos deprimidos, a sociedade fica desiquilibrada, o país e o mundo envelhece e fica stressado enquanto os preços do petróleo atingem máximos e os salários continuam nos mínimos.
Como disse o doutor Jardim Moreira, presidente da rede Europeia Anti-Pobreza-Portugal, numa entrevista que lhe fiz, o país sofre de "pobreza hereditária"... quem diz o país, diz vários países que sofrem constantemente com as flutuações de preços que acontecem quase dia-a-dia e diz jovens e crianças pelo mundo fora. Mas restringindo o assunto às fronteiras, uma em cada cinco crianças vive na pobreza. Acho que este é motivo suficiente para se mudar a situação. A pobreza não deveria ser uma herança válida.
Sessenta mil licenciados no desemprego. Todos os anos saem 40 mil das faculdades. Cá para mim, o que vai acontecer é que daqui a alguns anos vão-se valorizar mais os trabalhos manuais. Os carpinteiros, electricistas, picheleiros, os canalizadores. Os que há agora estão na meia-idade e os jovens estão a tirar cursos superiores que não lhes vão servir de muito. Há cada vez mais licenciados e doutores das mais variadas coisas. Daqui a alguns anos vamos ter tantos desses, que as profissões que requerem trabalho manual vão valorizar.
A culpa não é apenas nossa, jovens ambiciosos que queremos frequentar um curso que nos permitirá ser especialista em alguma coisa. A culpa é também daqueles que não nos barram a entrada na faculdade porque depois não vai haver trabalho para nós. Se é para estar aqui a estudar e depois ser caixeira, porque não abrem já cursos superiores para caixeiras? Facilitava muito a vida.
E entretanto os nossos géniozinhos vão partindo para outras bandas, onde têm muito mais oportunidades e são valorizados. Porque aqui tem-se qualificações a mais e sabe-se demais e provavelmente teremos de deixar de acrescentar tantas coisas aos currículos, porque não podemos dar a entender que somos inteligentes. Isso é uma coisa má.
Bom, mas felizmente há uns quantos que até têm sorte. Valha-nos isso [força com isso B.! encontramo-nos daqui a alguns anos!]. E os outros bem, vivem à rasca ou desenrascam-se com o que podem...
"Happiness is a sad song..."
No fundo andamos por aqui a adiar a vida enquanto não temos emprego, porque pouco ou nada se faz sem dinheiro nestes dias. Talvez sejamos demasiado ambiciosos. Sim, a maior parte de nós frequenta um curso superior só para aquecer. Ah não, aquecer só depois, na caixa de um supermercado ou a limpar balcões. Ironias à parte, é mesmo muito frustrante e parece que a frustração é contagiosa. Obviamente não é fácil para nós, estudantes, vermos todos os que saem queixarem-se e depois ver todas aquelas reportagens e documentários sobre a pobreza em Portugal e sobre o futuro dos jovens.
Basicamente o que acontece: estudamos e pelo meio pagamos propinas (e questionamo-nos sobre o que fazem com tanto dinheiro), depois fazemos um estágio, na maior parte das vezes não remunerado (como eu, que praticamente estou a pagar para trabalhar, visto que ainda pago propinas), depois saímos e procuramos emprego. E depois procuramos emprego para o resto da vida. E entretanto vivemos em casa dos pais, não casamos, não temos filhos, não saímos, só trabalhamos, estamos deprimidos, a sociedade fica desiquilibrada, o país e o mundo envelhece e fica stressado enquanto os preços do petróleo atingem máximos e os salários continuam nos mínimos.
Como disse o doutor Jardim Moreira, presidente da rede Europeia Anti-Pobreza-Portugal, numa entrevista que lhe fiz, o país sofre de "pobreza hereditária"... quem diz o país, diz vários países que sofrem constantemente com as flutuações de preços que acontecem quase dia-a-dia e diz jovens e crianças pelo mundo fora. Mas restringindo o assunto às fronteiras, uma em cada cinco crianças vive na pobreza. Acho que este é motivo suficiente para se mudar a situação. A pobreza não deveria ser uma herança válida.
Sessenta mil licenciados no desemprego. Todos os anos saem 40 mil das faculdades. Cá para mim, o que vai acontecer é que daqui a alguns anos vão-se valorizar mais os trabalhos manuais. Os carpinteiros, electricistas, picheleiros, os canalizadores. Os que há agora estão na meia-idade e os jovens estão a tirar cursos superiores que não lhes vão servir de muito. Há cada vez mais licenciados e doutores das mais variadas coisas. Daqui a alguns anos vamos ter tantos desses, que as profissões que requerem trabalho manual vão valorizar.
A culpa não é apenas nossa, jovens ambiciosos que queremos frequentar um curso que nos permitirá ser especialista em alguma coisa. A culpa é também daqueles que não nos barram a entrada na faculdade porque depois não vai haver trabalho para nós. Se é para estar aqui a estudar e depois ser caixeira, porque não abrem já cursos superiores para caixeiras? Facilitava muito a vida.
E entretanto os nossos géniozinhos vão partindo para outras bandas, onde têm muito mais oportunidades e são valorizados. Porque aqui tem-se qualificações a mais e sabe-se demais e provavelmente teremos de deixar de acrescentar tantas coisas aos currículos, porque não podemos dar a entender que somos inteligentes. Isso é uma coisa má.
Bom, mas felizmente há uns quantos que até têm sorte. Valha-nos isso [força com isso B.! encontramo-nos daqui a alguns anos!]. E os outros bem, vivem à rasca ou desenrascam-se com o que podem...
"Happiness is a sad song..."
8 comments:
Obrigado! Não preciso de desejar-te sorte, visto que quando voltar vou ter um livro à minha espera e muitas notícias publicadas no JPN e no JN!
Au revouir cherrie!
Na verdade... tens toda a razão. "s nossos pais dão-nos tudo o que eles próprios não tiveram e no fim, nós temos menos do que eles", tirada brilhante diria eu...
Enfim... acho que nos devias representar no Parlamento...
Olá Luna:
Sabes que existe outra geração "à rasca": a minha (para não falar de outra a seguir, cujas reformas nem para os medicamentos chegam)! Também porque a oferta de recém licenciados é enorme (e ainda bem que assim é, por um lado), e porque a busca pela pela entrada no mercado de trabalho é feroz, pessoas com a minha idade são consideradas velhas e dispendiosas, se tiverem a infelicidade de se verem desempregadas, e tiverem que procurar trabalho.
Enfim...lutamos contra os nossos próprios filhos!
Beijo
Olá Luna,
Começas a perceber esta engrenagem e a ter noção do quanto, mal ,vai esta sociedade.
Tens mil razões para te sentir assim.
comungo também do muito que disse a «by myself».
agora sofrer de «pobreza hereditária»
porque infelizmente se herdaram
deformações congénitas .
Este fenómeno é circular, não transversal, infelizmente.
ainda bem que resmungas,não te conformes nunca.
Embora soframos efeitos das ondas vibratórias dos grandes, estamos agora a pagar também pelo marasmo de alguns anos de adormecimento...e digo isto após a revolução de abril...
ok, mas isto é assunto para um testamento e eu não devo/posso ocupar este teu espaço para dissertar.
fico contente quando oiço os jovens com este tipo de discurso,
força e continua a resmungar.
bj
Lembro-me de uma conferência que tive, em que um senhor deputado disse: "Esta geração é uma geração rasca"
A "geração rasca" respondeu-lhe como se de uma bolachada sem mão se tratasse: "Esta geração rasca é o futuro desta sociedade"
E pronto.. serviu para calar o "freguês"
Estou um tanto ao quanto sem palavras face a tanta verdade junta no teu texto...Enfim, haja esperança que é das poucas coisas que ainda temos a liberdade de preservar:p*
Pessoalmente, apesar de estar a regime de recibos verdes (Geração 500€), não me posso queixar muito (comparando com a maioria dos licenciados) pois tenho tido sempre emprego na minha área de especialização.
Há muito que se possa dizer e opinar sobre este assunto... mas na minha modesta opinião, o que faz falta a Portugal não são oradores... faz-nos falta quem trabalhe para uma solução!!! Ou seja, eles falam, falam, falam, mas não fazem nada! É claro que nós, povinho, não podemos fazer muito mais do que já fazemos: Refilar! Só nos falta a revolta... mas parece-me que essa também não seja solução!
Beijinhos e boa reflexão esta!
Sabemos que é um país continuamente adiado, mas grande parte da culpa não será nossa? A omissão, a falta de exercício de cidadania não serão cúmplices desse estado genético da situação?
Precisamos de uma revolução a sério, a começar pelas mentalidades.
Um beijo
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