Entretanto o mundo não parou, como era de esperar. Cada um seguiu com a sua vida e cada um imprimiu na alma os esforços com que se tentou esquecer a vida paralela. Aquela. Por entre telefonemas escondidos e mensagens com a profundidade de um telegrama, com o stop intermitente em cada tentativa para se esquecer o que se quer, cada um saltou de um precipício. Ou de um muro. Continuamos a andar, como se conhecessemos as ruas, com as mãos nos bolsos, como se tivessemos nascido com aquelas calças, com o suspirar intercalado por olhares lânguidos, como se nunca tivessemos respirado normalmente sem ser no tempo em que estivemos juntos.
E aqui estamos, separados pelo tempo e pelo espaço, como se uma distância milenar se tivesse interposto entre nós e como se um tempo continental nos apartasse. Aqui estamos, sem uma parte de nós, mas com o mundo e o tempo todo pela frente. Assim vivemos plenamente, por estarmos separados. E é essa a percepção que magoa, como punhais a picotar a pele.
O pior é relembrar os domingos, aqueles em que as tardes passavam depressa demais. De vez em quando sinto que todos os dias são domingo, porque sinto aquela decepção antecipada de saber que o dia seguinte é dia de trabalho e que a calma e a inércia são temporárias. Não pode ser domingo para sempre. Infelizmente.
"Happiness is a sad song..."
5 comments:
Então Luninha? Que desânimo é esse?
Aii...
Grande beijinho
Apesar da tristeza latente nas tuas palavras, o texto é lindo e profundo. Como é habitual:)
Beijinho*
E dói como fogo a acariciar a pele, Luna...
Calma, que são só os efeitos da transição. Não tarda outros interesses se virão sobrepôr e esse sentimento atenua. É assim a vida!
Beijinho
Ai... é mesmo assim a vida...
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