quantos indecisos andam agora por aqui

Sunday, September 21, 2008

[dor]

Entretanto o mundo não parou, como era de esperar. Cada um seguiu com a sua vida e cada um imprimiu na alma os esforços com que se tentou esquecer a vida paralela. Aquela. Por entre telefonemas escondidos e mensagens com a profundidade de um telegrama, com o stop intermitente em cada tentativa para se esquecer o que se quer, cada um saltou de um precipício. Ou de um muro. Continuamos a andar, como se conhecessemos as ruas, com as mãos nos bolsos, como se tivessemos nascido com aquelas calças, com o suspirar intercalado por olhares lânguidos, como se nunca tivessemos respirado normalmente sem ser no tempo em que estivemos juntos.

E aqui estamos, separados pelo tempo e pelo espaço, como se uma distância milenar se tivesse interposto entre nós e como se um tempo continental nos apartasse. Aqui estamos, sem uma parte de nós, mas com o mundo e o tempo todo pela frente. Assim vivemos plenamente, por estarmos separados. E é essa a percepção que magoa, como punhais a picotar a pele.

O pior é relembrar os domingos, aqueles em que as tardes passavam depressa demais. De vez em quando sinto que todos os dias são domingo, porque sinto aquela decepção antecipada de saber que o dia seguinte é dia de trabalho e que a calma e a inércia são temporárias. Não pode ser domingo para sempre. Infelizmente.

"Happiness is a sad song..."

5 comments:

m said...

Então Luninha? Que desânimo é esse?

Aii...

Grande beijinho

.diana.alves. said...

Apesar da tristeza latente nas tuas palavras, o texto é lindo e profundo. Como é habitual:)
Beijinho*

Anonymous said...

E dói como fogo a acariciar a pele, Luna...

By myself said...

Calma, que são só os efeitos da transição. Não tarda outros interesses se virão sobrepôr e esse sentimento atenua. É assim a vida!

Beijinho

Anonymous said...

Ai... é mesmo assim a vida...