quantos indecisos andam agora por aqui

Monday, July 06, 2009

Escritas

Às vezes não parece, mas eu não escrevo para mais ninguém senão para mim. E fico contente quando me dizem que gostam do que escrevo, que concordam com o que digo, que acreditam no que debito por aqui. Faz-me pensar que, apesar de tudo, não escrevo só para mim. O que é um paradoxo, eu sei.

Ontem gostei de estar descontraidamente à volta de meias de leite num café, com amigos que não via há algum tempo, apenas para comprovar que está tudo na mesma. E é tão bom quando assim é. Entretanto juntaram-se-nos uns outros "seres criativos", como eu gosto de os chamar, que encontrámos por acaso na Feira Medieval em São Pedro de Sintra e acabámos por passar um bom bocado, a dissecar os feitios de cada um.

Aquele que gosta mais de dar do que de receber, aquele que gosta de fazer a paciência dos outros chegar ao limite, aquela que se preocupa mais com as roupas que usa do que com o futuro, aquele que lê mais do que seria mentalmente saudável, aquela que não pára de beber chás de tom âmbar de garrafas de água, aquele que faz meias de leite maravilhosas e que degusta o luar com um simples olhar, aquele que comprou demasiadas cerejas ao frade que andava pela feira a distribuir quadras improvisadas, porque as adora. E depois
eu. A que passa pelo microscópio mental lamelas com pedacinhos de vida que vai acumulando em memórias.

Estes seres criativos gostam especialmente de me enfastiar com pequenos relatos caricaturados daquilo que aparento ser, por vezes daquilo que sou. Isso assusta-me e já lhes disse.

Eu sei que falo muito e escrevo mais ainda. Por isso mesmo, assim do nada, um desses seres falou-me na lei da poupança verbal, que não é nenhuma teoria comprovada, nem é conhecida mundialmente, nem se rege por termos científicos. É apenas uma passagem de um livro de Inês Pedrosa que esse ser anda a ler [agora é fácil de adivinhar qual dos meus amigos é, pelas breves descrições de feitios que escrevi mais acima]. É qualquer coisa do género: uma ideia, meia palavra. Coisa de que eu não sou capaz, claro, porque preciso de muitas palavras para descrever uma ideia, por mais simples que seja.

Passámos a tarde a discutir esta teoria inexistente, depois dos pés cansados se terem arrastado por toda a feita, a espreitar barraquinhas com nomes medievas e a provar doces conventuais e a comprar coisas completamente inúteis. E depois...

...depois fui à Fnac comprar o tal livro,
Nas tuas mãos, e mais outros dois que estavam baratinhos.


["Alcagoita" e a feira cheia]



[a t-shirt rosa com que toda a gente gozou, os arcos que toda a gente quis levar e o alvo que me saiu furado...ao meio, claro]



[a face que amedrontou crianças]



[a mulher acusada de bruxaria]


[o frade das cerejas]


"Happiness is a sad song..."

8 comments:

Senhor das Chaves said...

Eu gosto do que escreves :o)

Prontos, ja tas contentinha? :o))

Um beijo e boa semana :o)

Anonymous said...

isso foi como concordar com uma pessoa só porque ela é maluquinha =) mas pronto, fico mais contentinha.

beijinho e boa semana*

aquelabruxa said...

coitada da bruxa!

Sandra said...

Que fofo :D! Esses momentos é que fazem valer a pena todo o resto :D
heheheh


beijinho escritora preferida :D
muhaaaa*

Only Me said...

Eu gosto!
A essa nao fui, mas a ultima feira a que fui tambem foi simplesmente hilariante e a discutir coisas daquelas...
E e por isso que a vida vale a pena :P

Bjs

Liliana Carvalho Lopes said...

Adoro o que escreves ^^

E devo fazer uma observação: "aquele que gosta de fazer a paciência dos outros chegar ao limite" -> veio-me uma imagem à cabeça mt mt forte LOL Conheço uma pessoa que encaixa nesse perfil perfeitamente hihihi

Beijoooooooooo

L. said...

Então é assim: (engraçado, esta é a mesma forma com que começas aquela estória que escreveste e que me provocou arrepios na espinha) eu gosto do que escreves, da forma como escreves mas, acima de tudo, da forma como pensas. Acima de tudo porque nunca conheci ninguém com os teus raciocínios, ainda que meio lunáticos, e nunca conheci ninguém que devaneasse tanto =)

Então é assim, e repito-me: o luar não é para ser degustado com um só olhar e é aí que tu me ganhas nessa batalha do quem-é-que-gosta-mais-da-lua. És tu, claro está (já paravas de ganhar tudo e mais alguma coisa).

Para finalizar: devíamos ter trazido um arco, para tu me ensinares a ser cupido =)

beijo meu*

Anonymous said...

aquelabruxa,
parece que já tinha levado umas quantas chicotadas...estava muito bem encenado =)

Sandra,
fofa és tu =)

Only Me,
este tipo de feiras são sempre divertidas, há sempre muito para ver =)

Wiwi,
e eu adoro o que escreves!a mim ocorre-me uma, conhecida mútua...o gito, com as suas discussões sobre futebol.

L.,
então é assim:deixas-me babada =) eu não ganho de propósito, mas tu deixas-me ganhar de propósito.
além disso, já és um óptimo cupido e não precisas de um arco.
aquela estória gosta muito e arrepia-se de cada vez que é lida por ti.

beijinho*