dizem que o Natal está para chegar. tudo indica que sim. pelos cálculos feitos, faltam cinco dias. os dedos de uma mão. e eu aqui descansadinha, sem ter despachado mais de metade dos presentes. e sem vontade nenhuma. acho uma coisa estúpida, isto de se comprarem presentes. especialmente porque é assim: eu compro um presente, a minha amiga compra um presente, normalmente no mesmo valor ou lá perto, o que é acordado algum tempo antes. e que tal cada uma guardar o dinheirinho e comprar para si própria algo do seu agrado? a mim faz sentido. daí que, muitas vezes, acabe por oferecer coisas com mais valor sentimental - já não o faço há muito, por falta de tempo ou paciência.
dito isto, posso dizer que hoje escrevi em dez postais e que o que escrevi neles vale mais do que o que cada um custou. também acho um desperdício isso de se comprar postais e houve uma altura em que os fazia, mas agora nem sequer sei onde está o meu material de artes manuais. para além dos postais escrevi duas cartas para pessoas especiais - saberão quem são após receberem. e, como sei que a minha mãe abomina qualquer tipo de aparelho que tenha mais do que três botões (só trabalha com o microondas porque mexe em dois botões e com o fogão, porque são botões que rodam), posso dizer, aqui e sem medo de ser descoberta, que estive a escrever uma mensagemzinha num voucher que dá direito a uma massagem shiatsu de corpo inteiro e que vem acompanhado de uma bolsa com uns cheirinhos e géis de banho e esses miminhos que as mulheres adoram.
e depois de todas estas coisas, não me senti mais calma, mas com a sensação de que tinha cumprido um dever. e desde quando é um dever oferecer coisas? não era suposto ser uma espontaneidade, um gesto de carinho, um prazer? é por isto que eu não gosto do consumismo. lembro-me de ter conversado com duas colegas do trabalho acerca disto e fiquei feliz por não ser a única: esta quadra é sempre uma época de angústia. e será que fulano tal vai gostar disto, será que já tem aquilo, será que me vai dar uma coisa mais cara? isto tem tudo um certo código de ética, segundo me apercebi.
-não oferecer coisas inúteis, como bibelots
-não oferecer coisas demasiado caras a pessoas que não nos poderão retribuir, porque provavelmente sentir-se-ão mal
-não oferecer coisas demasiado caras a pessoas com mais posses do que nós, porque provavelmente já têm ou vão comprar algo parecido e de uma marca superior e/ou mais cara
-não oferecer um presente a uma pessoa que se conhece há pouco tempo (relativizar conforme for necessário) que seja mais caro do que o que vamos oferecer a outra que conhecemos há muito ou que é da nossa família
-em geral, oferecer coisas que as pessoas possam usufruir e não coisas domésticas
-os bombons são uma opção neutra, quando não se conhece bem a pessoa ou não se quer gastar muito dinheiro
-sondar a pessoa, se possível, antes de fazer a compra
e eu devo acrescentar: oferecer com agrado e não com a impressão de estarmos apenas a retribuir. para obrigação já nos chega o dia-a-dia, feito disso e de tarefas rotineiras. lembro-me, há tempos, de fazer um cabaz com docinhos caseiros, que me prendera à cozinha durante um dia. a pessoa laureada com o presente pareceu-me genuinamente mais feliz com isso do que com o perfume caríssimo que ofereci no ano seguinte. isto porque o que nos gasta o bem mais precioso de todos, acaba também por ser o presente mais precioso de todos. e se gastamos o tempo, tão precioso, de bom grado, a coisa ainda resulta melhor.
dito isto e porque não quero transformar este pasquim numa espécie de blog de auto-ajuda, desejo a todos os leitores e colegas blogosféricos, um feliz Natal, com muito espírito natalício e tempo de qualidade junto daqueles que vos aquecem o coração. e agora parem de ler isto e vão fazer qualquer coisa de mais útil, tipo darem um beijinho repenicado na bochecha de alguém de quem gostem.
"happiness is a sad song..."
4 comments:
Muaaaaahkk!!!
Um bj repenicado para ti!
Caracteriza na perfeição o Natal de hoje em dia... Montei a árvore anteontem e ainda não tenho prendas nem presentes para ninguém.
Enfim, muitos beijos repenicados para ti e um Bom Natal
Que fofo =) Podia ficar a ler a tarde toda, as tuas palavras. Pena que só nos mimes com elas de vez em quando.
Vou tomar em conta o tal código de ética quanto aos presentes natalícios. Isto porque ainda não despachei quase nenhum =/ e tenho fobia a centros comerciais... brrrr
Beijo meu*
Odeio Natal... Fico sem dinheiro... É o que tenho a dizer :S
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