"Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar."
se decidíssemos fazer uma revolução devíamos tocar esta música num formato mais agressivo. mas não, como apontou a Sara, nos preferimos fazer concentrações para apoiar outros países que estão "pior", que nós estamos bem. eu pelo menos estou, enquanto tiver pais.
a verdade é que este é um país parvo feito de parvos que reclamam para o seu umbigo ou para o seu círculo de amigos e familiares, adiam a verdadeira revolução porque "agora não, que é hora do almoço, agora não que é hora do jantar, agora não que eu acho que não posso, amanhã vou trabalhar" (é de mim ou os Deolinda retratam esta sociedade como ninguém?), acham que as regras foram feitas para serem contornadas, como obstáculos, e para ver isso basta andar na rua e na estrada e ver as barbaridades que se cometem. somos um país muito solidário com os que estão mal e que vai ignorando que nos entretantos, para nós o fundo está cada vez mais próximo. somos um país onde a gente jovem e com força para trabalhar e ajudar a pagar as reformas dos idosos (cujo número vai ultrapassando cada vez mais o dos jovens) está a) em casa dos pais; b) a trabalhar, mas a viver na casa dos pais; c) a viver de subsídios e em casa dos pais (salvo raras excepções). somos também um país onde essa gente jovem em 2009 foi a que mais adquiriu carros novos na Europa. adiante. somos um país e um mundo em que os jovens terão de enfrentar o desemprego toda a vida, segundo o FMI. ignorando os que compraram carros novos, somos um país onde os jovens não podem crescer e ganhar autonomia:
casos como o da Sara são o pão nosso de cada dia, isto é, trabalhar a (falsos) recibos verdes enquanto se paga um mestrado, longe da casa dos pais, para o qual se perdeu a bolsa de estudos. ou é isto ou viver em casa dos pais, com ou sem trabalho (nem falo de emprego), e adiar o futuro normal de casar e ter filhos e dar continuidade à humanidade.
pronto, é isto. estou deprimida. já comi uma mão cheia de bagas goji e não resultou.
"happiness is a sad song..."
9 comments:
A cena é não perder a esperança. Nunca nunca. E chular os pais.
Bagas goji? Que raio de mezinha é essa???
Beijo meu*
Parece que tivemos azar. Que devíamos ter nascido uns 20 anos mais cedo. Vamos emigrar, Luna?
bagas goji, vai googlar =)
Sara,
sim, apesar de tudo os nossos pais, mesmo com as dificuldades, estavam melhor. não tinham o euro, por exemplo, que veio duplicar o preço de tudo...
emigrar? 'bora!
Nunca escreves-te tu tão bem minha menina. O encosto de nada serve e o esperar que as coisas se façam sozinhas idem aspas...o problema deste povo é a mentalidade...lá está...serem parvos. Compete a nós mudar isso.
Beijo*
Eu já estou cansado de trabalhar... e ainda são 11h16m de uma Segunda.
Oh, sou tão parvo.
Adoro os Deolinda e a Ana Bacalhau!
E esta música de intervenção está espectacular! Em termos de mentalidades, acho que as coisas estão a mudar, brandamente como de costume mas as águas estam-se a agitar. E é nisto que os blogues têm tido e continuaram a ter um papel muito importante, na revolução das mentalidades, na capacidade das pessoas se organizarem e lutarem por aqui que acham justo!
é isso mesmo!
fiquei tão embevecido com a Ana Bacalhau que pimba, lá escorreguei...
é "continuarão" em vez de "continuaram"
e "aquilo" em vez de "aqui"
que parvo que sou !
:)
quem se auto-corrige não é parvo!
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